Caso Valério: defesa de Sampaio tenta tirar julgamento de Goiânia
Julgamento dos acusados do assassinato do cronista esportivo Valério Luiz já foi adiado quatro vezes
atualizado
Compartilhar notícia
Goiânia – A defesa do cartorário Maurício Sampaio entrou com um habeas corpus preventivo e com um pedido para tirar o julgamento dos cinco acusados de matar o jornalista e cronista esportivo Valério Luiz (foto em destaque) da capital goiana para o interior do Estado de Goiás. O júri, previsto para esta segunda-feira (7/11), às 8h30, foi adiado quatro vezes.
As informações foram postadas pelo advogado Valério Luiz de Oliveira Filho, que é filho do radialista Valério Luiz, nesse sábado (5/11). O crime aconteceu no dia 5 de julho de 2012, quando o jornalista saía da rádio em que trabalhava e teria sido motivado pelas críticas recorrentes que ele fazia à diretoria do Atlético Clube Goianiense. Maurício Sampaio era vice-presidente do clube, à época.
O acusado segue como dirigente da agremiação. Sampaio, que também é ex-presidente do Atlético-GO, é apontado como mandante do crime, que completou 10 anos em 2022.
A petição assinada pelo advogado Luiz Carlos da Silva Neto requer que o processo seja transferido para outra comarca, no interior do estado, e foi protocolada no último sábado (5/11).
O principal argumento da petição é o de que o juiz Lourival Machado não teria agido de forma isenta no sorteio dos jurados que foram escalados para participar do tribunal. A partir de uma gravação feita no dia do sorteio, a defesa narra gestos, movimentos e falas do magistrado que, na interpretação do advogado, mostram que o processo foi “tendencioso para culminar na condenação do réu”.
Réus
Pela quinta vez, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) tenta julgar os cinco réus denunciados por participação no homicídio. Conforme as investigações, Sampaio foi o mandante do crime. Já o funcionário dele, Urbano de Carvalho Malta, teria auxiliado na contratação de outras pessoas para executar o crime. Ele inclusive teria monitorado os últimos passos do jornalista e estava morando em uma casa de Sampaio perto da rádio em que a vítima trabalhava.
O açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier é acusado de ter emprestado a moto e capacete para o cometimento do crime, além de guardar a arma. O PM Ademá Figueiredo é acusado de executar o jornalista a tiros. Depois, ele fugiu em uma motocicleta. Já o policial Djalma da Silva é acusado de tentar atrapalhar as investigações.
Adiamentos
O primeiro adiamento do júri popular ocorreu em abril de 2019, quando o então juiz Jesseir Coelho de Alcântara alegou falta de estrutura para realização do julgamento. Na época, o magistrado alegou que a precariedade de dormitórios para os jurados, falha no fornecimento de alimentos, falta de cadeiras confortáveis e espaço limitado seriam motivos para o adiamento.
O júri foi remarcado para 2020, mas precisou ser novamente adiado. Desta vez, por causa da pandemia da Covid-19. Já em 2021, o julgamento foi adiado após uma troca repentina de advogados solicitada pelo cartorário Maurício Sampaio.
Em junho deste ano, o julgamento foi novamente adiado depois que um jurado passou mal durante a madrugada e saiu do hotel em que estava isolado, de acordo com o juiz Lourival Machado. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), o mal-estar e a falta de condições para esse jurado participar da sessão foram constatados, já em plenário, por médico da instituição.