Caso Tatiane Spitzner: defesa de acusado deixa tribunal e júri é suspenso
Advogados de acusado de feminicídio abandonaram o tribunal em protesto pelo que consideram “cerceamento do trabalho de defesa”
atualizado
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O júri popular que analisaria o caso Tatiane Spitzner, em que Luis Felipe Manvailer é acusado de feminicídio por matar sua então companheira, foi suspenso, com Conselho de Sentença dissolvido, nesta quarta-feira (10/2).
Isso ocorreu porque os advogados de defesa de Luis Felipe Manvailer abandonaram o tribunal por voltas das 12h30. Manvailer é representado por Cláudio Dalledone Júnior e Adriano Bretas.
A defesa agiu assim em protesto ao que considera “cerceamento de seu trabalho”, pois a Justiça indeferiu o uso de um vídeo da portaria do prédio onde aconteceu o crime como prova.
Na segunda-feira (8/2), o juiz da Vara do Tribunal do Júri, Adriano Scussiatto Eyng, também não havia autorizado um laudo de exame de leitura labial que provaria, segundo os advogados de Manvailer, que Tatiane Spitzner teria se jogado do prédio onde morava. Esse exame relataria a fala de um morador, vizinho, que teria presenciado o fato.
O que diz a família de Tatiane Spitzner
Para Gustavo Scandelari, da Dotti e Advogados, assistente da acusação do caso, a “postura é lamentável, pois gera prejuízo aos cofres públicos, com toda a movimentação dos servidores, jurados, testemunhas e todos os envolvidos”.
O juiz que presidia e moderava o julgamento impôs multa de 100 salários mínimos aos advogados de Luis Felipe Manvailer porque considerou o abandono do tribunal “uma afronta ao processo, ao réu e à Justiça”.
Relembre o caso
Tatiane Spitzer foi encontrada morta em julho de 2018, em Guarapuava, no Paraná. De acordo com pessoas que dizem ter visto o corpo da mulher, ela teria sido jogada ou se suicidado ao se atirar da sacada do próprio apartamento.
Testemunhas disseram à polícia responsável pelo caso que Manvailer, marido da vítima, havia levado o corpo para o interior do edifício. Segundo os agentes policiais, havia muito sangue no local.
Horas depois, a perícia encontrou a mulher morta dentro do próprio apartamento, e o homem havia fugido. Manvailer foi preso na mesma madrugada do crime, após se envolver em um acidente de trânsito em uma cidade vizinha, chamada São Miguel do Iguaçu.
Na audiência de custódia, a Polícia Civil afirmou que o homem estaria fugindo para o Paraguai. O acusado afirmou que a esposa se jogou do prédio e que ele teria se acidentado por não conseguir parar de pensar na cena que havia presenciado.
O réu já está preso há três anos acusado pelos crimes de fraude processual e feminicídio.