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Caso Ribeiro: delegados vão acompanhar apuração sobre interferência

Em nota, associação de delegados defendeu a autonomia da PF e ressaltou que a corporação “não pode estar exposta a interferências”

atualizado

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Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, faz busca e apreensão no Ministério da Educação em Brasília.
1 de 1 Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, faz busca e apreensão no Ministério da Educação em Brasília. - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) informou que vai acompanhar as investigações sobre a suposta inferência no inquérito que resultou na prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e outros acusados de envolvimento em esquema de corrupção no MEC.

A interferência foi denunciada pelo delegado Bruno Calandrini, responsável pelo caso. Ele enviou uma mensagem a colegas afirmando que a investigação foi “prejudicada” em razão de tratamento diferenciado dado pela polícia ao ex-ministro de Jair Bolsonaro.

Calladrini disse que houve uma “decisão superior” para que Ribeiro, que estava em Santos, não fosse transferido para Brasília. A PF apura a denúncia.

Em nota, a ADPF disse que acompanha “com atenção” as informações sobre a operação Acesso Pago e defendeu a autonomia total do delegado da PF.

“A associação permanecerá vigilante para evitar prejuízos a qualquer investigação e atenta para que o trabalho de excelência da Polícia Federal não sofra questionamentos. Nesse sentido, a ADPF acompanhará a investigação anunciada pela direção da Polícia Federal à denúncia de possível interferência apresentada pelo delegado que conduz a investigação”, diz a nota.

“É fundamental destacar que a Polícia Federal é órgão de Estado e não de Governo, por tanto, não pode estar exposta a interferências externas”, ressalta.

Confira a íntegra da mensagem enviada por Calladrini a colegas:

Muito obrigado a todos pelo empenho na execução da Operação Acesso Pago.

A investigação envolvendo corrupção no MEC foi prejudicada no dia de ontem em razão do tratamento diferenciado concedido pela PF ao investigado Milton Ribeiro.

Vejo a operação policial como investigação na essência e o momento de ouro na produção da informação/prova.

O deslocamento de Milton para a carceragem da PF em SP * é demonstração de interferência na condução da investigação, por isso, afirmo *não ter autonomia investigativa e administrativa para conduzir o Inquérito Policial deste caso com independência e segurança institucional.

Falei isso ao Chefe do CINQ ontem, após saber que, por decisão superior, não iria haver o deslocamento de Milton Ribeiro para Brasília, e, manterei a postura de que a investigação foi obstaculizada ao se escolher pela não transferência de Milton a Brasília à revelia da decisão judicial.

As equipes de Gyn, Brasília, Belém e Santos, que cumpriram a missão de ontem, trabalharam com obstinação nas ruas e no suporte operacional, um trabalho hercúleo para o cumprimento dos mandados durante a Operação Acesso Pago, literalmente se esforçaram 24/7 e foram aguerridos em capturar todos os alvos. Faço referência especial às equipes de GYN que, mesmo após a prisão, ainda escoltaram os presos via terrestre, para a SR/PF/DF, incontinenti.

No entanto, o principal alvo, em São Paulo, foi tratado com honrarias não existentes na lei, apesar do empenho operacional da equipe de Santos que realizou a captura de Milton Ribeiro, e estava orientada, por este subscritor, a escoltar o preso até o aeroporto em São Paulo para viagem à Brasília,

Quantos presos de Santos, até ontem, foram levados para a carceragem da SR/PF/SP?

É o que tinha a manifestar em lealdade a vocês que cumpriram a missão de ontem com o espírito do verdadeiro policial feceral.

Abraço.

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