Caso Marielle: saiba quem é quem após os últimos desdobramentos
Delação de Ronnie Lessa contribuiu para prisão dos supeitos de serem mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes
atualizado
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A vereadora Marielle Franco (PSol-RJ) e o motorista Anderson Gomes foram assassinados a tiros em 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro. O crime, no entanto, permaneceu sem desfecho por quase 6 anos. Esse cenário, porém, começou a mudar após a Polícia Federal (PF) prender os supostos mandantes no domingo (24/3). O último desdobramento apresentou novos personagens ligados aos assassinatos.
Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa foram presos no domingo passado por envolvimento na morte da vereadora. Os três aparecem na delação de Ronnie Lessa como mandantes do crime. A ação do fim de semana foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Detido no Rio de Janeiro, o trio passou por audiência de custódia e depois foi encaminhado para a capital da República, a fim de cumprir os mandados de prisão na Penitenciária Federal de Brasília.
Conheça os personagens dessa trama
Supostos mandantes do crime
Domingos Brazão
Domingos Inácio Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), mas foi afastado do cargo após ser preso, em 2017, na Operação Quinto do Ouro. Ele é acusado de receber propina de empresários.
O conselheiro começou na vida política em 1993, quando atuou como assessor na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Ele foi vereador da capital fluminense de 1997 a 1999 e deputado estadual de 1999 a 2015.
Ele passou por diferentes partidos, como PL, PT do B e MDB.
Chiquinho Brazão
João Francisco Inácio Brazão é deputado federal pelo União Brasil. No entanto, no mesmo dia da prisão, a sigla decidiu pela expulsão dele.
Antes de chegar a Brasília, Chiquinho Brazão foi eleito vereador do Rio em 2004, 2008, 2012 e 2016. No seu último mandato, ele teria tido desavenças com Marielle Franco em decorrência de um projeto para regularizar áreas ilegais em territórios dominados pela milícia.
Rivaldo Barbosa
Rivaldo Barbosa de Araújo Junior assumiu a Polícia Civil do Rio de Janeiro em 13 de março de 2018, um dia antes da morte de Marielle. Segundo inquérito da PF, ele seria o responsável por garantir que os mandantes do crime não fossem revelados.
Durante sua carreira na esfera pública, Rivaldo foi titular da Subsecretaria de Inteligência da Segurança, no governo do ex-governador Sérgio Cabral. Logo depois, comandou a Delegacia de Homicídios da Capital e a Divisão de Homicídio.
Atualmente, estava à frente da Coordenadoria de Comunicações e Operações Policiais.
Executores confessos do crime
Ronnie Lessa
Ronnie Lessa é sargento reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ele é apontado pela PF como autor dos disparos contra Marielle e Anderson, com uma submetralhadora HK MP5. Acabou preso em março de 2019, um ano após o crime, por envolvimento nas mortes.
Durante a sua passagem pela PM, ele chegou a ser investigado pelo Ministério Público por envolvimento com o jogo do bicho. O militar sofreu inclusive um atentado à bomba, que teria sido encomendado como um acerto de contas entre contraventores. O crime chegou a ser investigado pela Polícia Civil, mas foi arquivado em 2013.
Lessa também é suspeito de atuar no tráfico de armas para facções criminosas.
Ele fechou acordo de delação premiada com a PF. O depoimento de Lessa foi homologado por Moraes na semana passada. As declarações do militar ajudaram a identificar os mandantes do crime.
Élcio Queiroz
Élcio Vieira de Queiroz também é sargento reformado da PM do Rio. Ele foi preso em março de 2019.
O militar também fechou acordo de delação premiada. Ele confessou ter dirigido o Cobalt prata utilizado no dia do crime e acusou Lessa de efetuar os disparos contra o carro de Marielle Franco.
Élcio Queiroz foi expulso da corporação em 2015, por fazer segurança ilegal em casas de jogos ilegais no Rio de Janeiro.
Suel
Maxwell Simões Correa, o Suel, é ex-sargento do Corpo de Bombeiros do Rio. Segundo as investigações, ele ajudou a descartar as armas utilizadas por Lessa e a encontrar o carro para cometer o crime.
Suel é considerado o melhor amigo de Ronnie Lessa. O ex-bombeiro teria salvado o policial reformado de uma troca de tiros no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca.
Macalé
Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, é ex-sargento da Polícia Militar do Rio. Ele teria intermediado a contratação de Ronnie Lessa para cometer o crime.
Ele foi morto a tiros em 2021, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Investigados
Marquinho DH
Marco Antônio de Barros Pinto era chefe de investigações e subordinado graduado de Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios na época do crime.
Segundo a investigação da PF, ele teria atuado para obstruir as investigações e afastar qualquer suspeita dos irmãos Brazão.
Delegado Giniton Lages
Giniton Lages era o delegado responsável por investigar a morte de Marielle e Anderson. De acordo com o inquérito da PF, ele teria desviado o curso das apurações para proteger os mandantes do crime. Ele foi indicado para o cargo por Rivaldo Barbosa logo após os assassinatos.
O delegado também foi alvo da operação de domingo. O ministro determinou medidas cautelares contra ele, como afastamento das funções públicas e uso de tornozeleira eletrônica.
Ele é autor de um livro chamado “Quem mandou matar Marielle?”.
Peixe
Robson Calixto Fonseca, o Peixe, era assessor de Domingos Brazão na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e no TCE-RJ. Ronnie Lessa disse em delação que ele acompanhou o conselheiro na primeira reunião sobre o atentado contra Marielle.
Ainda conforme a delação de Lessa, Peixe era segurança informal de Domingos.
Laerte
Laerte Silva de Lima teria sido infiltrado no PSol por determinação dos irmãos Brazão para descobrir informações sobre Marielle. Na época, ele teria informado que a vereadora pediu para que os moradores não aderissem aos novos loteamentos da milícia.
Ele é acusado de envolvimento em um grupo criminoso que atuava em Rio das Pedras.
Érika Araújo
Érika Andrade de Almeida Araújo é advogada e esposa do delegado Rivaldo Barbosa. Segundo a PF, as empresas dela eram utilizadas para lavar o dinheiro recebido pelo marido de maneira ilegal.
Orelha
Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, era dono de um ferro-velho e foi responsável por desmanchar o carro utilizado no dia do crime. Ele era conhecido de Lessa, Élcio e Suel.
Erileide Barbosa
Erileide Barbosa da Rocha é esposa de Laerte e teria se infiltrado junto ao marido no PSol para descobrir informações sobre Marielle.