Caso Marielle: pescador diz ter pilotado barco de onde suspeito jogou armas
Durante a audiência, o homem, que se diz analfabeto, afirmou que as armas afundaram logo após terem sido jogadas
atualizado
Compartilhar notícia
O caso Marielle Franco ganhou mais um episódio. Em depoimento, um pescador afirmou ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que de seu barco, no dia 14 de março de 2019, um homem jogou armas longas, incluindo um fuzil, no mar da Barra da Tijuca. O MPRJ afirma que esse homem é Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca, um dos presos no caso. As informações são do G1.
Djaca é apontado como cúmplice de Ronnie Lessa, o ex-policial acusado de ser o autor dos disparos contra a vereadora, e também suspeito de ter se desfeito da submetralhadora usada no crime.
De acordo com o depoimento do pescador ao MPRJ, ao qual a GloboNews teve acesso, a testemunha afirmou a uma promotora que, naquele 14 de março, voltava de uma pescaria quando um homem o contratou, supostamente a fim de mergulhar.
O depoimento
No depoimento, o pescador afirma que Djaca embarcou com malas, bolsas e caixas. A embarcação seguiu em direção às Ilhas Tijucas, a 1,8 quilômetro do quebra-mar da Barra.
“No trajeto, ele começou a abrir lá e jogar as coisas fora. Fiquei até assustado”, disse o pescador. As “coisas” eram armas de grosso calibre e munição.
O pescador ainda relembra: “Fiquei com mais medo, tremendo. Aí falei: ‘Ih, será que ele vai me matar?'”.
O homem, que diz ser analfabeto, contou ainda, durante a audiência, que as armas afundaram logo após terem sido jogadas. “Você vai ferrar minha vida, cara, você vai f*der minha vida, cara! Desculpe a expressão. Você vai f*der minha vida, cara”, narrou.
Segundo o pescador, Djaca respondeu: “Não vai pegar nada para você, não. Qualquer coisa eu assumo tudo”.
Dois dias antes, a polícia prendeu Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.
Escuta telefônica
Djaca admite, em uma escuta telefônica feita pela polícia com autorização da Justiça, ter sido chamado “para fazer a limpeza” no apartamento de Lessa.
Djaca foi preso no dia 3 de outubro de 2019, acusado de atrapalhar as investigações sobre a morte de Marielle.
A mulher de Ronnie Lessa, Elaine; o cunhado, Bruno Figueiredo; e o empresário José Márcio Mantovano também foram alvos da Operação Submersus.
Conhecido como Márcio Gordo, Mantovano foi flagrado ao sair de um endereço de Ronnie Lessa com uma caixa, apenas um dia depois que Lessa foi preso.
A investigação aponta que todos os quatro, que teriam ajudado a dar fim às armas, viraram réus por obstrução de Justiça.
Ao todo, 28 buscas pelas armas jogadas no mar foram feitas pela polícia. Marinha e bombeiros fizeram 28 buscas pelas armas jogadas no mar. Mas, até o momento, nada foi encontrado.
O delegado Daniel Rosa lamentou o fato de as armas não terem sido encontradas. “Foi uma pena não ter encontrado essas armas. Certamente foram usadas em outros homicídios pelo bando de Ronnie Lessa. Foi uma pena não ter achado pra fazer o confronto balístico”.
O processo está na fase de alegações finais. Eles ainda estão presos e aguardam a sentença.
Defesas
Até o momento, o advogado de Ronnie Lessa, Elaine Lessa e Bruno Figueiredo não quis se manifestar sobre as acusações.
Já a defesa de Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca, afirmou que não há nenhum “fragmento de prova” contra ele e disse que espera a absolvição do réu.
Por sua vez, a defesa de José Marcio Mantovano, o Márcio Gordo, afirmou que as acusações do Ministério Público são “infundadas” e que confia num julgamento justo.