Caso Marielle: Élcio terá benefícios com delação, mas seguirá preso
Delação premiada do ex-PM levou à operação da PF desta segunda-feira. Ele confessou participação dele e de Ronnie Lessa na morte de Marielle
atualizado
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que o ex-policial Élcio de Queiroz, réu por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, receberá benefícios em razão da delação premiada. Contudo, permanecerá na prisão.
A declaração ocorreu durante coletiva de imprensa sobre operação da Polícia Federal (PF) no âmbito do caso, deflagrada nesta segunda-feira (24/7).
Élcio está preso desde 2019, assim como o ex-policial reformado Ronnie Lessa. Na delação, o ex-PM confessou a participação dele e de Lessa no crime, e detalhou a atividade criminosa. Os dois serão julgados pelo Tribunal do Júri, mas a sessão ainda não foi marcada.
“O instituto da delação premiada pressupõe esse acordo, mas as cláusulas ainda permanecem sob sigilo judicial. Mas posso afirmar que o senhor Élcio continuará preso em regime fechado. Inclusive, onde se encontra”, declarou o ministro.
Segundo Dino, o Poder Judiciário quebrou o sigilo de uma pequena parte da delação de Élcio. “A maior parte da delação permanecerá em sigilo até a conclusão das operações, exatamente pelo risco para todos os agentes públicos envolvidos, e para a eficácia que todos desejamos”, prosseguiu.
Com a confissão de um dos réus, a investigação encerra a fase sobre os executores, e entra em na etapa de apuração sobre os mandantes do crime. Há cinco anos, o inquérito ainda não foi concluído: ainda não se sabe quem mandou matar a vereadora e o motorista, nem as motivações do crime.
Delação premiada
Em delação à PF, Élcio admitiu ter dirigido o carro usado no ataque. Ele disse ainda que Ronnie foi o responsável pelos disparos de submetralhadora contra Marielle. O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, preso em operação nesta manhã, também teria participado do crime.
O ex-bombeiro, conhecido como Suel, acabou preso na manhã desta segunda (27) durante a operação Élpis, a primeira deflagrada pela PF sobre o assassinatos ocorridos em 2018. Além da prisão preventiva de Maxwell, outros sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos na cidade do Rio de Janeiro (RJ) e região metropolitana.
Segundo Dino, o depoimento conclui esta fase da investigação, “com a confirmação de tudo o que aconteceu na execução do crime”. No entanto, segundo o ministro, há, “sem dúvidas, a participação de outras pessoas”.
Marielle e Anderson foram executados a tiros na noite de 14 de março de 2018. Cinco anos depois, o inquérito nunca foi concluído.
Quando assumiu o ministério, em 2 de janeiro, Dino disse que desvendar os dois assassinatos era questão de honra. Em fevereiro, a PF entrou na investigação, em parceria com o Ministério Público do Rio e a Polícia Civil.