Caso Marielle: conheça os envolvidos na investigação do assassinato
Veja todos os personagens vinculados ao assassinato de Marielle Franco, que marcou a democracia brasileira recente
atualizado
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Se confirmado e homologado pela Justiça, o acordo de delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos tiros que mataram a vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, pode finalmente dar um fim a uma investigação que já dura quase seis anos.
A investigação se arrasta desde então e já citou vários nomes. Desde o mandante à cúmplices para eliminação das provas, a lista de nomes vinculados a esse marcante assassinato político, pelo menos, 13 pessoas. O Metrópoles separou o nome das mais importantes e o que se sabe de cada um delas. Confira abaixo.
O suposto mandante
Empresário do ramo dos postos de gasolina, político de carreira e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão (MDB) é apontado como mandante do crime pelo ex-PM Ronnie Lessa, segundo informações do The Intercept Brasil divulgadas nesta terça-feira (23/1).
Não é a primeira vez que o nome dele aparece. Brazão já teve seu nome envolvido nas investigações do assassinato de Marielle, em 2019, após depoimento do policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha. Na época, ele acusou o então vereador Marcello Siciliano (PHS) e o miliciano Orlando Curicica como os mandantes do homicídio.
Desconfiados das declarações, a polícia investigou e concluiu que Ferreirinha e a adgovada do militar, Camila Nogueira, faziam parte de uma organização criminosa com objetivos de atrapalhar as investigações sobre a morte de Marielle, supostamente a mando de Brazão.
A Procuradoria Geral da República pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que Brazão fosse investigado e, em 2019, foi denunciado pela subprocuradora-geral da República ao STJ, acusado de tentar embaraçar as investigações no caso Marielle. O caso acabou voltando para o Estado, e a Justiça do Rio de Janeiro rejeitou, por decisão do juiz Andre Ricardo de Franciscis Ramos, da 28ª Vara Criminal, a denúncia contra o político.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio e a própria Polícia Federal já haviam investigado Brazão antes, porém nada havia sido provado contra ele.
Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Brazão diz viver um drama injusto. “Mas não tira mais meu sono”, afirmou na tarde desta terça.
“Eu quero te dizer: você não tá tirando meu sono, não, tá? Tá me aborrecendo, mas não tá tirando meu sono não. Tenho fé em Deus, acredito na Justiça. Se estão falando meu nome para proteger alguém, o desafio das autoridades vai ser sentar e entender quem estão protegendo. Certo? Ou, a outra hipótese que pode ter é a própria Polícia Federal estar fazendo um negócio desse, me fazendo sangrar aí, que eles devem ter uma linha de investigação que vão surpreender todo mundo aí. Não posso pensar em outra coisa. Não tenho medo de investigação. Não conheço essas pessoas. Nunca vi essas pessoas. Mas eu não vou perder o foco, vou continuar trabalhando. Já me aborreceram”, disse o conselheiro.
Os suspeitos pela execução
Ronnie Lessa
Preso em março de 2019, Ronnie Lessa é acusado de ser o autor dos disparos que mataram Marielle Franco e Anderson Gomes. Em 2021, Lessa foi condenado a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas do crime, além de ter sido expulso da PM.
Élcio de Queiroz
Queiroz, que teve delação homologada, afirma ter sido o motorista do carro que perseguiu o veículo onde estavam a vereadora e o motorista, além da asessora Fernanda Chaves, que sobreviveu ao atentado.
Ex-sargento da Polícia Militar e expulso da corportação em 2017, Queiroz está preso desde 2019.
Os supostos cúmplices
Elaine Pereira Figueiredo Lessa
Presa na operação Submersus, da da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio, em outubro de 2019, Elaine Pereira Figueiredo Lessa, a esposa de Ronnie Lessa, é suspeita de ter comandado as ações para sumir com as provas do crime e apagar os vestígios da quadrilha.
Edilson Barbosa, o Orelha
Segundo a deleção premiada de Élcio de Queiroz, Eldilson Barbosa, conhecido como Orelha, foi procurado por Maxwell, em Rocha Miranda (RJ), para ajudar no descarte do Cobalt usado no atentado.
José Márcio Mantovano, o Márcio Gordo
Outro alvo da operação Submersus, ele foi flagrado em uma câmera de segurança retirando uma caixa, supostamente com as armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa.
Bruno Figueiredo
Irmão da esposa de Ronnie Lessa, Bruno é acusado de ter ajudo a irmã na ocultação das provas. Ele também auxiliou Márcio Gordo a entrar em um condomínio do Pechincha (RJ) para recolher as armas guardadas por Ronnie Lessa.
Os supostos intermediários
Edimilson Oliveira, o Macalé
Delatado pelo ex-PM Élcio de Queiroz, Edimilson Oliveira, o Macalé, é acusado ser a pessoa que teria intermediado a contratação de Lessa para o assassinato de Marielle Franco. Élcio também relatou que ele participou de uma tentativa frustrada de executar a vereadoras em 2017.
Oliveira era considerado um dos braços direitos do bicheiro Bernando Bello e integrante da sua equipe de segurança, antes de ser morto em Bangu, em 2021.
José Carlos Roque Barboza
O policial militar da reserva José Carlos Roque Barboza também é apontado como outro intermediário entre Brazão e Lessa. De acordo com informações da delação de Queiroz, Roque é o principal responsável por apresentar os serviços de Ronie Lessa, autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson.
Roque ainda é apontado um dos chefes de segurança do bicheiro Bernardo Bello, acusado de ser o autor intelectual do assassinato do contraventor Alcebíades Paes Garcia, o Bid, no carnaval de 2020.
Maxwell Simões Correa, o Suel
Preso ano passado, o ex-sargento do Corpo de Bombeiros, Maxwell Simões Correia, mais conhecido como Suel, é acusado de ter cedido o Cobalt prata usado no crime e de auxiliar no descarte das armas após os homicídios.
Segundo Queiroz, Suel também teria participado de uma tentativa te matar Marielle em 2017. Na época, o ex-sargento não teria conseguido emparelhar com o táxi onde estava a vereadora na hora em que Lessa mandou.