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Caso Marielle: autoridades não checaram antes de postar. E era fácil…

Saiba como se faz verificação de fotos e conheça cinco dicas para não errar em casos como o da vereadora assassinada

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1 de 1 Marielle Franco - Metrópoles - Foto: Mídia Ninja/Divulgação

Momentos de crise são terreno fértil para a disseminação de informações falsas. E, com a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada na última quarta-feira (14/3) junto com seu motorista, Anderson Gomes, não foi diferente.

Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas por mentiras sobre o passado da jovem política. Algumas delas, compartilhadas por pessoas que, depois, resolveram explicar por que tinham agido daquela maneira, revelando um roteiro típico de propagação de notícias inverídicas. Algo que todos podem facilmente evitar.

A imagem que supostamente mostra Marielle Franco sentada no colo do traficante Marcinho VP foi compartilhada pelo pastor evangélico Marcos Carvalho, e também subtenente da Polícia Militar em Arraial do Cabo, cidade do litoral fluminense. Ele usou seu Facebook para distribuir o conteúdo. Depois, apagou a postagem.

Em sua foto de perfil, Carvalho aparece ao lado do deputado federal Cabo Daciolo (Avante-RJ), eleito pelo PSol em 2014, mas expulso da legenda em 2015. Na segunda-feira (15), o religioso gravou um vídeo pedindo “perdão” por ter compartilhado a foto e disse que tinha retirado a imagem de um “grupo de WhatsApp”.

A postagem de Carvalho teve milhares de curtidas e foi fartamente compartilhada no Facebook. “A imagem apareceu em um grupo que eu faço parte. E eu postei no Facebook, dizendo que ‘a imagem falava por si’, simplesmente isso (….) Peço perdão aos familiares e amigos da Marielle”, escreveu o subtenente da PMRJ. Procurada para comentar o caso, a Polícia Militar do Rio não se manifestou. O pastor também não retornou os contatos da Lupa.

A desembargadora Marília Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), foi outra a afirmar no Facebook que Marielle estava “engajada com bandidos”. Depois, em entrevista ao jornal O Dia, disse que apenas tinha reproduzido um comentário que lera no Facebook – sem mostrar arrependimento. Em nota enviada pelo TJRJ, a magistrada diz ter se precipitado: “A conduta mais ponderada seria a de esperar o término das investigações, para então, ainda na condição de cidadã, opinar ou não sobre o tema”.

Um terceiro propagador de informações equivocadas sobre a vereadora carioca foi o deputado Alberto Fraga (DEM-DF). Ele e a desembargadora são alvos de representação do PSOL. No Twitter,  o parlamentar propôs que seus seguidores conhecessem “o novo mito da esquerda, Marielle Franco”. E passou a descrevê-la: “engravidou aos 16 anos, ex-esposa do Marcinho VP, usuária de maconha, defensora de facção rival e eleita pelo Comando Vermelho, exonerou recentemente 6 funcionários, mas quem a matou foi a PM”. Horas mais tarde, apagou o conteúdo. Nessa segunda-feira (19), suspendeu suas contas no Facebook e no Twitter.

Checar uma foto como a que mostra uma mulher no colo de um homem não demandaria mais do que cinco minutos de dedicação. Além de métodos mais tradicionais, como comparar a semelhança física entre os retratados e as pessoas citadas, há ferramentas capazes de ajudar o cidadão a checar a veracidade de uma imagem.

O mecanismo de buscas do Google Imagens, por exemplo, é usado por checadores mundo afora para executar essa tarefa. Veja o passo a passo que você pode seguir:

1. Salve a foto que você quer checar em seu computador ou celular

2. Acesse o Google Imagens

3. Clique no ícone com uma câmera fotográfica e carregue a imagem (pela URL ou por seu arquivo). Analise os resultados que o buscador oferece e se permita duvidar. Será que essa imagem faz sentido no contexto em que está sendo usada agora?

Além do Google, há serviços de verificação de imagens no Yandex, no Bing e no TinEye. Eles funcionam de forma semelhante.

Em abril de 2017, a Lupa publicou cinco dicas para ir além e conferir se uma informação é de boa qualidade. Relembre a seguir:

1. Duvide de quem cita dados sem revelar fontes.

2. Questione aqueles que promovem uma relação causal simples, dizendo que A provoca B. Há sempre diversos fatores envolvidos na concretização de um fato.

3. Desconfie de números absolutos sem contexto. Ir de 1 para 2 é um aumento de 100%. Dependendo do assunto, trata-se de algo irrelevante. Peça porcentagens e valores absolutos.

4. Cuidado com as cifras muito exatas sobre temas como violência. Esses dados mudam a cada instante e nem sempre são computados usando a mesma metodologia.

5. Suspeite de frases que contenham expressões como “a maior/menor/melhor/pior do mundo”. Elas tendem – no mínimo – ao exagero.

Visite o site www.fakeounews.org para mais dicas.

*Por Leandro Resende

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