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Caso Marielle: áudios mostram Siciliano prometendo favores a miliciano

Nesta semana, o parlamentar um dos suspeitos de ter matado a vereadora do Psol serão ouvidos pela polícia do Rio de Janeiro

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Testemunha liga vereador e ex-PM à morte de Marielle, diz jornal
1 de 1 Testemunha liga vereador e ex-PM à morte de Marielle, diz jornal - Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

O assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes completa dois meses nesta segunda-feira (14/5).  No domingo (13), novas gravações que vieram a público mostram que o vereador Marcello Siciliano (PHS) — suspeito de ter sido o mandante das execuções —  tinha relação próxima com milicianos.

Nesta semana, o político e um dos suspeitos de ser o autor das execuções serão ouvidos pela polícia. Num dos diálogos, o parlamentar promete usar sua influência para que o 31º Batalhão da PMRJ (zona oeste) monte uma blitz a fim de prejudicar um suposto grupo rival. Os áudios foram revelados pelo  Fantástico. Veja:

Siciliano: – Fala, irmão.
[miliciano]: – Fala, irmão!!!

[miliciano]: – Uns bandido (sic) lá mataram um amigo nosso. Você podia dar um toque no pessoal do 31 pra ficar de olho. Se botar uma blitz ali, vai pegar.
Siciliano: – Vou mandar botar agora. Na volta eu passo aí. Beijo.
[miliciano]: – Tá bom. Beijo, fica com Deus.
Siciliano: – Te amo, irmão.

Nesta outra conversa, segundo as investigações, o vereador pede ajuda para inaugurar um projeto social numa área de milícia.

Siciliano: – O garoto ia começar a fazer o projeto lá hoje, aí o rapaz falou: “Não, não vai fazer nada não”.
[miliciano]: – Não, pode ir.
Siciliano: – Eu posso ir atrás lá da pessoa pra resolver no teu nome?
[miliciano]: – Pode, vou te mandar o telefone aqui.

Em nota, Marcelo Siciliano reafirmou que nunca teve envolvimento com milícias. Disse também que já foi investigado, mas não chegou a ser indiciado e se botou à disposição da polícia para quaisquer novos esclarecimentos.

Ameaça
Segundo um PM miliciano, ele sabe quem matou e quem mandou matar Marielle. Ele procurou a polícia alegando ter sido ameaçado pelos assassinos. Na versão da testemunha, no carro prata que abordou o veículo da vereadora, dirigido por Anderson, estavam quatro homens: um policial militar da ativa, um ex-PM miliciano da zona oeste e outros dois milicianos.

De acordo com ele, os homens cumpriam ordens. Seriam dois os mandantes do crime. Um deles, o vereador do Rio eleito com 13.553 votos, a maioria na zona oeste da cidade.

O outro citado pela testemunha é Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, nome de um bairro da zona oeste. Ex-PM, ele é chefe de uma milícia e foi preso em outubro do ano passado, acusado de mandar matar um homem que montou um circo sem pedir autorização em uma área dominada por ele.

Em uma ação parecida com a do assassinato de Marielle e Anderson, dois bandidos dispararam 12 vezes na direção do homem. Uma mulher que acompanhava a vítima sobreviveu e hoje vive escondida. O grupo de Orlando, assim como outros milicianos, é investigado também por grilagem, que é a posse ilegal de terrenos.

A zona oeste é o berço dos milicianos cariocas, grupos que usam de violência para ameaçar a população e cobrar por serviços irregulares, como transporte, entrega de gás e TV paga. Também tomam moradias e terrenos à força.

Carta
Na quarta (9), por carta, Orlando Curicica negou envolvimento nas mortes de Marielle e Anderson e acusou o delegado de Homicídios de tentar convencê-lo a confessar envolvimento no crime. Pela versão da testemunha que acusa Orlando e o vereador Siciliano, os dois queriam a morte de Marielle porque ela era uma ameaça aos interesses deles na zona oeste.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungman, declarou que todos os citados pela testemunha já são considerados investigados, mas lembra que é preciso comprovar o que o foi dito no depoimento.

 

 

 

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