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Caso Marielle: audiências virtuais têm futebol, choro, beijos e oração

Réus suspeitos de mandar matar Marielle e motorista interagiram com familiares em 5 dias de depoimentos. Conversas tiveram cenas inusitadas

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magem colorida de Chiquinho Brazão em audiência do Caso Marielle
1 de 1 magem colorida de Chiquinho Brazão em audiência do Caso Marielle - Foto: Reprodução

Os minutos que antecederam o início dos interrogatórios dos réus acusados de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSol) foram marcados por situações inusitadas.

Em cinco dias de audiências, conduzidas pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teve apresentação de cachorro novo; comemoração da vitória do Botafogo; conversas; orações; música gospel; e frases de incentivo.

Os cinco investigados pelo crime estão presos em diferentes presídios enquanto é feita a instrução da ação penal; por isso, depõem de forma virtual. As famílias, os amigos e até os advogados aproveitaram alguns momentos do encontro para conversar, ver os parentes e confraternizar.

Antes dos interrogatórios sobre os dois assassinatos, houve um tempo para os familiares ficarem on-line aguardando o início dos trabalhos. Foram nesses momentos que as principais interações ocorreram. No primeiro dia, em 21 de outubro, o deputado federal Chiquinho Brazão viu os netos e chorou. Passou minutos lembrando de quando ia à igreja com a família.

Quando o irmão dele, Domingos Brazão, iniciou o depoimento foi a vez de usar o tempo antes das audiências para interagir. Na quinta-feira (24/10), Domingos comemorou com o filho a goleada do Botafogo em cima do Peñarol por 5 x 0 pela semifinal da Copa Libertadores da América. Com o placar, o time carioca pode até perder por quatro gols de diferença no jogo da volta e avançar à final da competição.

Em clima de comemoração, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) viu o filho na audiência on-line e falou: “Filho, Botafogo ganhou de 5 a 0“. O filho retornou: “Botafogo vai ser campeão da Libertadores, pai. Você não sabe a falta que está fazendo aqui”. Em seguida, os familiares, em diferentes telas da audiência, se uniram em um coro: “Fogão, campeão”.

Nesta sexta-feira (25/10), antes de o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa de Araújo Júnior continuar seu depoimento, a família entrou na sala e começou a conversar sobre a noite de quinta, falou de saudades. Parentes gritavam: “Deus é bom!”. E, em seguida, “Rivaldo inocente!”. Teve música evangélica e aplausos após o louvor.

Os parentes de Chiquinho Brazão aproveitaram o momento para apresentar o cachorrinho novo. “Olha, pai. O cachorrinho novo” e levantaram um cachorro branco, que parecia um lulu-da-pomerânia. Chiquinho respondeu: “É lindo”.

Campanha da OAB

Até as eleições para o comando da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Distrito Federal (OAB-DF) viraram assunto na audiência dos réus do caso Marielle Franco, realizada desde 21 de outubro.

A advogada Rita Nogueira Machado, do escritório de Cleber Lopes, brincou com os pares, durante um intervalo, perguntando se eles votariam em seu colega. Rita representa o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido) nas audiências.

O criminalista Cleber Lopes concorre à presidência da OAB-DF nas eleições de 2024. Ele lidera o grupo tradicionalmente conhecido como os “verdes”, na Chapa 10. Gisele Reis é a candidata a vice da chapa.

Enquanto Chiquinho Brazão, primeiro réu a participar do interrogatório, prestava depoimento, a internet caiu diversas vezes. A conexão apresentou instabilidade no presídio onde o deputado federal está detido desde março, em Campo Grande (MS).

No intervalo, enquanto os participantes da audiência aguardavam a internet ser reestabelecida, Rita e o juiz auxiliar de Moraes, Airton Vieira, interagiram. Vieira perguntou onde estava Cleber e se ele estava bem. Rita respondeu que o advogado estava “atolado” de serviço e muito ocupado com as eleições da OAB.

A advogada relatou que o cenário não está fácil, pois existem, neste momento, quatro chapas fortes na disputa pela OAB-DF. Em seguida, em clima de descontração, Rita ponderou para todos os colegas fazerem a “melhor escolha”, caso votassem no DF, e que essa escolha seria Cleber.

Interrogatório

Além das interações nas audiências do STF, os réus Chiquinho, Domingos e Rivaldo responderam a perguntas do juiz auxiliar de Moraes, Airton Vieira, do Ministério Público e de advogados. Em suas falas, os três negaram conhecer Ronnie Lessa – assassino confesso da vereadora – e se declararam inocentes.

Os três são acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Até sexta-feira (25/10), os três foram ouvidos. O policial militar Ronald Paulo de Alves Pereira e Robson Calixto também serão interrogados.

Eles são réus por homicídio qualificado no caso Marielle e Anderson e por tentativa de homicídio no caso de Fernanda Chaves, assessora da vereadora que estava no carro no momento do ataque.

Todos se tornaram réus por decisão da Primeira Turma do STF, sob a suspeita de planejarem o assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018.

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