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Caso Marielle: assim como o irmão, Domingos Brazão chora em depoimento

Domingos Brazão é suspeito de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle. Ele responde a interrogatório como réu em ação penal no STF

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Domingos Brazão chora - Metrópoles
1 de 1 Domingos Brazão chora - Metrópoles - Foto: Reprodução

Assim como o irmão Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Inácio Brazão chorou por diversas vezes em seu depoimento em audiência do Supremo Tribunal Federal (STF), realizada nesta terça-feira (22/10).

O gabinete do ministro Alexandre de Moraes faz audiências para ouvir os supostos mandantes do homicídio da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Nesta terça, foi a vez Domingos Inácio Brazão falar. Ele se emocionou ao falar da família, dos almoços de domingo e chorou bastante ao dizer que não entendia qual o propósito de Deus para ele estar preso há 7 meses.

“Eu não sei porque estou aqui. Por que, meu Deus? Já perdi 26 quilos, estou passando por isso sem nem ter sido ouvido”, disse Domingos em momento de bastante emoção. Na segunda-feira (21/10), Chiquinho Brazão também chorou ao falar com o neto por videoconferência e ao lembrar dos domingos em família.

Preso há sete meses e investigado por homicídio qualificado e organização criminosa, Domingos Brazão acusou integrantes da Polícia Federal de não terem conduzido bem o processo que levou à sua acusação e prisão.

“Nunca vi Ronnie Lessa”

Assim como seu irmão, Domingos Brazão negou conhecer Ronnie Lessa ou Élcio de Queiroz, assassinos confessos da vereadora e delatores do caso. “Nunca vi essa pessoa na minha vida”, disse Brazão sobre Lessa.

Domingos complementou que “nunca foi ouvido no caso”, e que, se tivesse sido, a situação dele hoje seria diferente. “Nunca fui ouvido.  Tô aguardando essa oportunidade de falar desde que começou a sair meu nome na imprensa. Estou há sete meses num presídio federal. Se eu tivesse sido ouvido antes, teríamos economizado o tempo de todo mundo. Mas não houve interesse”, reclamou.

“Esse pequeno grupo que ficou responsável por essa investigação, não sei se de maneira açodada ou por empolgação, não nos foi dada a oportunidade de sermos ouvidos e de esclarecer”, complementou o conselheiro do TCE-RJ.

O réu ainda prosseguiu em sua defesa: “A busca da verdade deveria ser o principal. Se o senhor ministro Alexandre de Moraes tivesse me dado a oportunidade de ser ouvido, [eu] não estaria passando o que estou passando. O interesse não era em esclarecer”, acusou.

Questionado pelo juiz instrutor do gabinete de Moraes, Airton Vieira, sobre por que Lessa o teria apontado como mandante do assassinato de Marielle, Domingos Brazão disse acreditar que Lessa estava “encurralado” após a delação de Élcio. Para Domingos, Lessa queria os benefícios da delação. “A única parte real da história de Lessa é que ele matou Marielle. Só”, disse.

Acusações de Lessa

Embora Chiquinho e Domingos tenham dito que não conheciam Lessa, o assassino confesso de Marielle afirmou, em delação premiada à Polícia Federal (PF), que fechou um acordo de US$ 10 milhões com os irmãos Brazão. Lessa é apontado como o atirador responsável pela morte da vereadora Marielle e do motorista Anderson, em 2018.

Segundo Lessa, Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), lhe ofereceram um loteamento no bairro de Jacarepaguá, na zona oeste carioca. “Não é uma empreitada para você chegar ali, matar uma pessoa e ganhar um dinheirinho. Não”, alegou Lessa aos policiais.

“Era muito dinheiro envolvido. Na época ele falou em R$ 100 milhões e, realmente, as contas batem. [O valor de] R$ 100 milhões [refere-se a]o lucro dos dois loteamentos. São 500 lotes de cada lado”, enfatizou Lessa.

“Ninguém recebe uma proposta de US$ 10 milhões simplesmente para matar uma pessoa. Uma coisa assim, impactante”, complementou.

Depoimentos

Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ouvir, nesta segunda-feira (21/10), cinco réus acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Os depoimentos devem ocorrem até sexta-feira (25/10). O caso é conduzido pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, no Supremo.

Até agora foram ouvidos o deputado federal João Francisco Inácio Brazão, conhecido como Chiquinho Brazão. O irmão dele Domingos Brazão começou a ser interrogado nesta terça.

Ainda serão ouvidos o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa de Araújo Júnior; e o policial militar Ronald Paulo de Alves Pereira. Eles são réus por homicídio qualificado no caso de Marielle e Anderson e por tentativa de homicídio no caso de Fernanda Chaves, assessora da vereadora que estava no carro no momento do ataque.

Além disso, Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe, responde por organização criminosa e também participará da oitiva. Todos se tornaram réus por decisão da Primeira Turma do STF, sob a suspeita de planejarem o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018.

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