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Caso Marielle: 250 dias sem respostas, com censura e homenagens

A não elucidação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes continua causando desconfortos

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Marielle Franco, vereadora do PSol morta a tiros em 14 de março de 2018
1 de 1 Marielle Franco, vereadora do PSol morta a tiros em 14 de março de 2018 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O assassinato brutal da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes completa 250 dias nesta segunda-feira (18/11). O caso continua sendo investigado, mas sem horizonte para solução do crime cometido em 14 de março – e que chocou o país.

A ausência de elucidação para o crime tem gerado desconfortos. Na semana passada, a 4ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, a pedido da Divisão de Homicídios da Capital do Rio de Janeiro e do Ministério Público do Estado, proibiu a TV Globo de divulgar dados sobre o inquérito. O veto ocorreu após a emissora revelar dados do inquérito, inclusive a informação de que o crime envolveu não duas, mas três pessoas.

Embora ultrapasse os oito meses sem solução, o juiz Gustavo Gomes Kalil, responsável pela decisão, disse que o vazamento de conteúdo dos autos é prejudicial, “obstaculizando e retardando a elucidação dos crimes hediondos em análise”.

A TV Globo prometeu recorrer da decisão, considerada “excessiva”. Afirmou também ser importante assegurar o “direito constitucional do público de se informar sobre eventuais falhas do inquérito que, em oito meses, não conseguiu avançar na elucidação dos bárbaros assassinatos da vereadora Marielle e do motorista Anderson”.

O magistrado também proibiu a divulgação de declarações de testemunhas do caso, bem como de técnicas e procedimentos sigilosos usados na investigação, além de qualquer conteúdo retirado do inquérito, incluindo imagens, mensagens e áudios.

Enquanto não há respostas para o crime, parlamentares colegas de Marielle cobram medidas. Na quarta-feira (14), o deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ), apresentou requerimento na Casa pedindo uma reunião técnica. Ele sugeriu um encontro com a participação da Anistia Internacional, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública; do Instituto Sou da Paz; de Rafael Borges, diretor do Instituto Carioca de Criminologia e Conselheiro da OAB/RJ; e Orlando Zaccone, Representante do Coletivo Policiais antifascismo, para tratar do tema.

Braga, que é um dos membros da Comissão Externa da Câmara destinada a acompanhar as investigações, fala em “motivação política” para o crime de Marielle, principalmente pela atuação da vereadora “na defesa dos direitos humanos, das minorias oprimidas e exploradas desse país e no combate à violência estatal e miliciana”, escreve o deputado no requerimento.

Está prevista ainda uma homenagem para a vereadora em 29 de novembro, na Câmara dos Deputados. Na ocasião, será concedida a Marielle Franco o diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira 2018. A honraria é oferecida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e condecora mulheres que tenham contribuído com a cidadania, a defesa dos direitos e questões do gênero feminino. A cerimônia de outorga do prêmio será realizada às 9h, no Plenário Ulysses Guimarães, em sessão solene da Câmara dos Deputados.

JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Marcas de bala em carro da vereadora Marielle Franco: disparos – 13 no total – foram concentrados na parte de trás, do lado onde Marielle estava sentada

Novos indícios
Conforme revelou a TV Globo, três pessoas, e não duas como a polícia acreditava inicialmente, estavam no carro de onde partiram os tiros que mataram a vereadora e o motorista Anderson Gomes, na noite do dia 14 de março. A emissora teve acesso com exclusividade ao documento, com  milhares de páginas e poucas conclusões.

No inquérito, a Polícia Civil do Rio registra a presença de uma pessoa ao lado do motorista do carros dos assassinos de Marielle. Anteriormente, acreditava-se que havia apenas mais uma pessoa no banco de trás. Porém, uma câmera instalada no percurso por onde passou a vereadora minutos antes de ser assassinada captou uma imagem de frente do carro do atirador, capaz de detectar a presença de uma pessoa no banco do carona.

A Polícia Civil concluiu que o carro utilizado no crime, um Chevrolet Cobalt, sofreu modificações. Entre elas de que o veículo clonado teve as maçanetas trocadas. Sobre as munições utilizadas, oito eram brasileiras e uma colombiana.

O vereador carioca Marcelo Siciliano (PHS) e o ex-PM Orlando Curicica continuam sendo tratados como os principais suspeitos.

Anistia Internacional levanta questionamentos
A Anistia Internacional segue acompanhando de perto o caso. Para a organização, as investigações se encontram num “labirinto”, principalmente por não haver informações concretas sobre o mandante, motivação e executor do crime.

A ONG defende que seja estabelecido um mecanismo externo e independente para acompanhamento do trabalho policial, de modo a aferir se não está havendo interferência indevida – o crime teve motivação política, segundo aponta a apuração.
A Anistia fez um levantamento sobre os poucos dados divulgados e listou uma série de questionamentos sem respostas: a origem da arma, a ausência de exames de raio x nos corpos e o trajeto dos assassinos na noite do crime. O documento, divulgado em 14 de novembro, foi elaborado com a participação dos pais de Marielle, Marinete e Antonio Silva.
“A impressão que tenho é que estamos enxugando gelo. Todo mês são as mesmas perguntas sem respostas”, lamentou Antonio. Sem repostas, a Anistia convocou a população a ajudar a elucidar o crime sem solução desde 14 de março.

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