Caso Henry: delegados apontam que força-tarefa facilitou investigações
Apesar de elucidado, investigações ainda não foram concluídas. Laudos periciais de conversas por aplicativos seguem em análise pela polícia
atualizado
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Rio de Janeiro – O sucesso da investigação da morte do menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, se deve à integração entre a Polícia Civil do Rio, o Ministério Público e a Justiça. Promotor do caso, Marcos Kac, lembra que o MP entrou no caso no primeiro momento.
“De imediato, com o laudo cadavérico, a versão de acidente doméstico era fantasiosa. A certeza veio ao longo da investigação. Colhemos inúmeros depoimentos, e buscamos elucidar as contradições. Evoluindo, constatamos que acidente doméstico está completamente descartado”, garante o promotor.
A integração resultou numa força-tarefa para elucidar o caso.
“Fizemos uma força-tarefa para trabalhar para saber o que havia acontecido no apartamento. Capturamos as telas das conversas que o menino sofria agressões reintegradas”, explica a delegada assistente da 16ª DP (Barra da Tijuca), Ana Carolina Medeiros.
A delegada lembra que, ao ser presos na manhã desta quinta-feira (8/4), o casal tentou jogar os telefones celulares que usavam pela janela.
“Monitoramos mãe e padrasto. O casal foi encontrado em endereço diferente dos locais onde diziam estar. Quando entramos, o casal atirou os celulares pela janela, mas conseguimos pegar os aparelhos. Também fizemos busca e apreensão na casa da Thayná (babá do Henry), e recolhemos o celular dela”, contou a delegada.
Segundo o promotor, um dos fatos mais marcantes da investigação é o laudo cadavérico da criança, com as indicações das lesões sofridas por Henry. “Toda a investigação ia para a agressão que culminou com a morte. Havia lesões nos rins, pulmão, fígado, cabeça“, explica Kac.
Investigação segue
Diretor de polícia da capital, Antenor Lopes esclarece que a investigação segue seu curso, com análise dos laudos periciais.
“Temos que analisar os laudos, porque todas as mensagens não foram analisadas. Entre elas a que cita a liberação do corpo. Tem depoimento de um alto executivo na conversa, por WhatsApp, com o padrasto, que pedia para o corpo não ir para o IML, para o hospital dar o atestado de óbito”, enumerou.
De acordo com Lopes, Jairinho teria dito que o ideal seria é que o atestado fosse dado pelo hospital para que se pudesse virar logo essa página. “O executivo disse que era necessário o Henry ir para o IML porque ele chegou morto e não havia explicação para a parada cardiorrespiratória”, detalhou o delegado, justificando a importância de analisar cada trecho de conversas registradas nos telefones sobre o caso.
Outro ponto para o sucesso da investigação, segundo Antenor foi a inexistência de “interferência política do governador e de quem quer que seja”. “Doutor Henrique teve liberdade total. O governador nos ajudou com o Cellebrite (aplicativo usado pela policia), sendo muito importante. E o conjunto probatório nos trouxe o resultado”, conclui.