Caso Henry: defesa de Jairinho aposta em perito de Elize Matsunaga
Perito de Elize Matsunaga vai tentar provar que menino Henry não chegou morto ao hospital, como mostrou investigação da Polícia Civil do Rio
atualizado
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Rio de Janeiro – Um raio-X do tórax do menino Henry Borel, de 4 anos, anexado esta semana ao processo sobre a morte do menino, é tratado como peça fundamental pela defesa do médico e vereador cassado Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho, na tentativa de anular provas da acusação. A promotoria, no entanto, contesta essa versão e mantém o argumento de que Jairinho e a mãe de Henry, Monique Medeiros, que estão presos, são responsáveis pelo assassinato da criança.
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A análise de laudos virou a principal estratégia da defesa que trouxe para seu time de legistas o perito e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Sami El Jund, que atuou na defesa de Elize Matsunaga, condenada por matar e esquartejar seu ex-marido, Marcos Matsunaga, em maio de 2012, na cidade de São Paulo.
Elize chegou a ser condenada a mais de 19 anos pela Justiça paulista, mas Jund orgulha-se de ter reduzido a punição ao desclassificar a qualificadora de “meio cruel” pelo esquartejamento do corpo da vítima. Marcos Matsunaga já estava morto no momento da ação da mulher contra o marido.
No caso Henry, Jund aposta no novo exame adicionado ao processo. “O raio-x mostra que o pulmão dele foi perfurado e o tórax passou por drenagem para a retirada do ar no hospital. O atendimento durou mais de 60 minutos em um cadáver? O menino estava vivo!”, alegou Jund ao Metrópoles.
Segundo a investigação conduzida pela 16ª DP (Barra da Tijuca), Henry chegou morto à unidade. A defesa de Jairinho quer pleitear uma acareação com a presença de Jund e dos peritos da Polícia Civil, sendo o principal deles, o legista Leonardo Huber Taiul. O pedido será julgado pela 7ª Câmara Criminal no próximo dia 22/3.
“O perito da polícia não viu perfuração no pulmão e nem a drenagem do tórax. E mais: das 23 lesões encontradas no corpo do menino que seriam marcas de violência, cinco seriam por causa das intervenções médicas. O hospital ainda não enviou todos os documentos do prontuário do garoto”, disse Jund.
Cortina de fumaça da defesa
Jund não descarta a hipótese de pedir a exumação do corpo de Henry para tirar dúvidas que, segundo ele, pairam sobre os laudos. Procurados, o hospital Barra D’dor e a Polícia Civil ainda não se pronunciaram. Monique e Jairinho respondem por tortura e homicídio triplamente qualificado com o emprego de tortura.
Para o promotor do caso, Fábio Vieira, a tese sinalizada pela defesa de Jairinho não é compatível com as provas. E acrescenta que o garoto chegou morto ao hospital. “Mais uma vez, a defesa faz o que tem feito, a qualquer custo: jogar cortina de fumaça no que está claro, o garoto chegou morto à unidade”, afirmou. Vieira é contra os peritos ficarem cara a cara. “Peritos falam nos autos”, defendeu Fábio Vieira, do Ministério Público do Estado do Rio.
Pedidos indeferidos
A defesa de Jairinho também quer que a juíza do 2º Tribunal do Júri, Elizabeth Louro, saía do processo. Os advogados alegam que a magistrada é parcial. No pedido encaminhado à própria magistrada pelo advogado Claudio Dalledone Júnior, ela negou.
Elizabeth rechaçou as acusações de parcialidade como a de que cita a presença da juíza no lançamento do livro “Caso Henry — Morte Anunciada”, de autoria da jornalista Paolla Serra, no ano passado no Rio.
“A presença da juíza é incompatível com a imparcialidade e a independência que se esperam de quem deverá julgar”, diz trecho de documento sustentado por Dalledone.
A magistrada rebate todas as acusações sob o argumento de que “em nenhum momento, manifestei publicamente qualquer impressão minha a respeito da autoria de qualquer dos réus”. E emenda: “Só compareci à livraria para seu lançamento depois de lê-lo integralmente e de me certificar de que nada havia em seu conteúdo capaz de comprometer minha imparcialidade”.
A juíza também não atendeu o pedido da defesa de Jairinho, que também apontou parcialidade na ação de dois peritos da Polícia Civil, entre eles, Leonardo Huber Taiul. Todos os pedidos de parcialidade serão julgados pela 7ª Câmara Criminal.
Caso Henry
O menino Henry Borel foi assassinado em 8 de março do ano passado. Então padrasto de Henry, Jairinho, e a mãe do menino, Monique, foram presos em abril do ano passado. Monique nega participação no crime. Para eles irem ou não a júri popular ainda falta o interrogatório de Jairinho, sem data marcada.
“Vamos lutar para que Jairinho só seja ouvido depois que os peritos ficarem frente à frente. Nem que tenhamos que levar a questão ao Supremo Tribunal Federal (STF)”, afirma Flávia Fróes, defensora de Jairinho.