Henry: ao depor, Monique diz que foi treinada para mentir à polícia
Mãe de Henry Borel diz que advogado André França cobrou inicialmente R$ 300 mil para entrar no caso e que depois queria mais R$ 2 milhões
atualizado
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Rio de Janeiro – Durante depoimento ao longo dessa quarta-feira (9/2), Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, afirmou ter sido treinada pelo ex-advogado de Dr. Jairinho André França Barreto para mentir à polícia sobre a morte do filho.
Na audiência que julga o óbito de Henry, a professora disse que o defensor queria arquitetar a cena do crime, que aconteceu na madrugada do dia 8 de março de 2021 no apartamento do ex-casal, em um condomínio na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.
“Ele [André] queria arquitetar tudo. Eu não entendi o porquê, o Jairinho tinha me dito que ouviu um barulho no quarto, acordou, foi até lá, viu meu filho caído no chão e botou na cama. Qual é o problema disso tudo se tinha sido um acidente doméstico? Eles [André e Jairinho] já estavam vendo com outros olhos, que era uma coisa que eu não enxergava na época”, afirmou.
Segundo Monique, André teria cobrado inicialmente R$ 300 mil para entrar no caso e, depois, pedido mais R$ 2 milhões. “Ele queria os R$ 2 milhões limpos, e os R$ 300 mil podiam ser entregues da forma que fosse, mas em espécie.”
A mãe do menino disse também que o ex-vereador pagou a quantia inicial. Jairinho também prometeu colocar uma das casas da família, em Mangaratiba, na Costa Verde, no nome do advogado, como parte do pagamento.
“Mesmo eu não concordando, ele falou assim: ‘Se você não concordar, que busque outro advogado, só que um criminalista custa mais de R$ 1 milhão. Sua família vai ter dinheiro para arcar?”, relatou Monique. “Eu nunca tinha sido processada, não sabia nada desse mundo jurídico, fui conhecer depois de presa. Fiquei vendida”, completou.
Treinamento para mentir
De acordo com a ré, como forma de induzi-la a aceitar o treinamento, André França teria afirmado que teria omissão e negligência por parte dela na noite em que Henry foi morto: “Disse que eu bebi vinho e isso significa omissão de socorro”.
“Ele criou a história que foi o meu primeiro depoimento em sede policial, na delegacia. Ele me treinou para isso, para que eu falasse exatamente o que ele tinha planejado, de uma forma que não sobrava arestas para que alguém pudesse romper. Era a história perfeita”, revelou.
De acordo com Monique, a partir desse momento, o advogado teria começado a passar “tarefas por escrito”, um “roteiro” de tudo que ela deveria fazer e dizer.
“Ele queria que eu treinasse a parte que eu e o Leniel não vivíamos bem, e que eu e Jairinho vivíamos uma vida maravilhosa. Queria que a história tivesse sido como se o Jairinho tivesse dormido a noite [do crime] inteira. Essa era a história criada pelo dr. André. Fizemos o treinamento sexta, sábado e domingo. Era o dia inteiro, de manhã até de madrugada. A gente bebia litros e litros de café”, alegou a mãe de Henry.