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Caso de espião russo deixa autoridades brasileiras constrangidas

Segundo jornal americano, caso de espião russo que fingia ser brasileiro para se infiltrar em Tribunal Penal Internacional causou embaraço

atualizado

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Sergey Cherkasov
1 de 1 Sergey Cherkasov - Foto: Reprodução

O caso do suposto espião russo que usava passaporte brasileiro e terminou preso após conseguir um estágio no Tribunal Penal Internacional tem sido fonte de embaraço para autoridades brasileiras. Sergey Vladimirovich Cherkasov, 37 anos, fingia ser Viktor Muller Ferreira, mas acabou preso em São Paulo em abril do ano passado.

Segundo o jornal estadunidense The Washington Post, em reportagem que detalha as investigações do FBI (Departamento Federal de Investigação, em português) sobre Sergey, a história deixou evidente a facilidade com que agentes ilegais têm de falsificar documentos no Brasil. De acordo com a publicação, o russo explorou vulnerabilidades no sistema de imigração e manutenção de registros do Brasil, além de contar com ajuda interna.

Ainda de acordo com o jornal, o caso tem causado constrangimento para as autoridades brasileiras sobre a segurança de seu sistema contra fraudes e a frequência com que tem sido usado pelos serviços de inteligência russos como uma plataforma para imigrantes ilegais.

Para criar a identidade falsa, Sergey falsificou diferentes registros. Ele conseguiu uma certidão de nascimento em que o nome da mãe era uma brasileira já falecida, além de identidade, carteira de motorista e, por fim, passaporte. Com o papel passado, é fácil pra um espião usar as instituições do Brasil para se infiltrar em outros países.

Fora Sergey, pelo menos outros três espiões que se passavam por brasileiros foram identificados por órgãos de inteligência de diferentes países: um na Noruega, que também foi preso no ano passado; e um casal na Grécia, que segundo a inteligência daquele país, já voltou para a Rússia.

Linha do tempo de Sergey Cherkasov:

  • Nasceu em Kaliningrado, na Rússia, provavelmente em 11 de setembro de 1985
  • Em 13 de junho de 2010, veio ao Brasil pela primeira vez
  • Em 30 de setembro de 2010, obteve documentos falsos no Brasil, incluindo certidão de nascimento, carteira de identidade e carteira de motorista no nome de Viktor Muller Ferreira; ele usou esses documentos para conseguir a cidadania no país e passaporte brasileiro
  • Em 16 de abril de 2011, veio ao Brasil pela segunda vez
  • Em outubro de 2017, conseguiu, como brasileiro, um intercâmbio para os EUA
  • Entre 2018 e 2020, fez mestrado na Universidade John Hopkins, em Washington
  • Em 31 de maio de 2022, viajou para Haia, na Holanda, usando o passaporte brasileiro, para estagiar no Tribunal Penal Internacional, onde foi preso e deportado de volta ao Brasil
  • Em 3 de abril de 2022, é preso em São Paulo por falsidade ideológica, e terminou condenado a 15 anos de prisão na Justiça Federal
  • Em setembro de 2022, o Governo da Rússia pede extradição, sob a alegação de que ele é procurado no país por tráfico de drogas
  • Em janeiro de 2023, é transferido para o Presídio Federal de Brasília, de segurança máxima
  • Em 17 de março de 2023, o STF autoriza a extradição para a Rússia, mas apenas depois do fim das investigações que ainda responde no Brasil, por espionagem, lavagem de dinheiro e corrupção
  • Em 24 de março de 2023, é denunciado nos EUA

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