Caso das joias: Bento Albuquerque vira investigado no inquérito da PF
Ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque mudou versão em oitiva à Polícia Federal, em março
atualizado
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O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque passou, nesta terça-feira (25/4), de testemunha a investigado no inquérito da Polícia Federal (PF) que apura a entrada não declarada de joias recebidas pela comitiva brasileira na Arábia Saudita.
Albuquerque depôs à PF em 14 de março, e afirmou na oitiva que as joias foram enviadas “sem direcionamento” de para quem seriam destinadas. Ele alega que a comitiva não sabia que se tratavam de joias. E assumiu que o primeiro pacote seria para Michelle Bolsonaro, e o segundo, para o ex-presidente.
Antes, ele havia dado outra versão sobre o caso. Quando o escândalo foi revelado, o advogado Frederick Wassef havia divulgado uma nota, em nome de Bolsonaro, em que dizia que haviam entendido que os objetos eram de uso “personalíssimo”.
Numa leitura errada do acórdão do Tribunal de Contas da União sobre o que deve ser feito com presentes recebidos no exterior por autoridades, isso significaria que Bolsonaro poderia ficar com as joias. O TCU, entretanto, entende que objetos de alto valor, como as joias, não podem ficar na posse de autoridade alguma.
Ao depor, Albuquerque disse que havia tentado entrar com as joias para incorporá-las ao patrimônio do Estado brasileiro — versão que também conflita com o fato de ele, em Guarulhos, ter dito aos fiscais da Receita que as joias eram para Michelle Bolsonaro.
Imagens da Receita
Imagens mostraram Albuquerque dizendo a auditores da Receita Federal que as joias dadas de presente pela Arábia Saudita ao Brasil eram para Michelle. O vídeo, obtido pela TV Globo, foi registrado pelas câmeras de segurança do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em 26 de outubro de 2021, data em que o ex-ministro desembarcou no Brasil.
“Isso tudo vai entrar lá para a primeira-dama”, diz o então ministro aos auditores na filmagem. Albuquerque se refere às joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, que ficaram retidas na alfândega.
Ao Metrópoles Bento Albuquerque declarou que solicitou que os presentes recebidos durante viagem diplomática à Arábia Saudita, em outubro de 2021, tivessem o adequado destino legal.
“Esclareço que o governo brasileiro tomou as medidas cabíveis e de praxe, como sempre ocorreu, em relação aos presentes institucionais ofertados à Representação Brasileira, integrada por Comitiva do Ministério de Minas e Energia, que participou de evento diplomático na Arábia Saudita, em outubro de 2021. Em função dos valores histórico, cultural e artístico dos itens, o ministério encaminhou solicitação para que o acervo recebido tivesse o seu adequado destino legal”, afirmou o ex-ministro de Minas e Energia.