Casal vendia vaga em curso de medicina por R$ 150 mil e esbanjava luxo
Dupla foi presa no Rio de Janeiro e fez vítimas em pelo menos cinco estados diferentes. Polícia Civil de Goiás recebeu denúncia no dia 13/7
atualizado
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Goiânia – Um casal foi preso nesta semana em Campos dos Goytacazes (RJ) por aplicar golpes contra pessoas de cinco estados diferentes, ao simular a venda de vagas falsas em cursos de medicina. O golpe consistia em facilitar a transferência de matrículas de quem iniciou o curso no exterior para instituições no Brasil, públicas ou privadas.
Os suspeitos fecharam contratos falsos com pessoas de Goiás, Rio de Janeiro, Maranhão, Minas Gerais e Mato Grosso, pelo menos, de acordo com a investigação. Cada transferência de matrícula era vendida por um valor entre R$ 30 mil e R$ 150 mil, que variava de acordo com a classe social da pessoa.
Graças aos golpes, o casal, Alaor da Cunha Filho e Mayara Soares Pimassoni, levava uma vida de luxo. Os dois foram presos preventivamente e tiveram quatro veículos de alto padrão sequestrados, avaliados em R$ 1,1 milhão. O valor será utilizado para ressarcir as vítimas.
Ao cumprir mandado de busca e apreensão na residência do casal, a polícia apreendeu, ainda, dinheiro em espécie – em torno de R$ 5 mil – relógios importados, joias e roupas. Eles viviam em um condomínio fechado em Campos dos Goytacazes, numa casa avaliada em mais de R$ 1 milhão. Alaor e Mayara seguem detidos no Rio de Janeiro.
O caso veio à tona após denúncia feita por uma vítima ao 8º Distrito Policial de Goiânia, no último dia 13/7. O delegado responsável, William Bretz, iniciou a investigação, fez contato com as polícias civis dos demais estados e deflagrou, na segunda-feira (26/7), a Operação Dodge, em parceria com a polícia carioca.
Estratégia da dupla
A investigação descobriu que o casal tentava reforçar aspectos de licitude durante a negociação das vagas. Os suspeitos informavam às vítimas que eram vagas remanescentes nas universidades e exibiam contratos falsos de prestação de serviços educacionais de graduação em medicina.
Os contratos eram fabricados para dar um ar de veracidade e continham informações de instituições federais de ensino e de estudantes. Fechada a negociação e com pagamento já feito, os criminosos cancelavam os contratos ou não cumpriam com o acordo e ameaçavam as vítimas, caso houvesse denúncias à polícia.
“Quando as vítimas diziam que iriam procurar a polícia, eles ameaçavam e falavam que tinham amigos nas polícias do Brasil inteiro e que iria ficar ruim para elas”, conta o delegado Bretz.
Grupos de rede social
Segundo o delegado, as abordagens eram feitas em grupos de rede social, principalmente no Facebook, em que há pessoas que cursam medicina fora do país e almejam a transferência para alguma faculdade do Brasil.
“São grupos de interesse comum em transferências de vaga, grupos de informações, autoajuda… Eles identificavam ali as pessoas que poderiam ser vítimas e as procuravam depois em particular, enviavam mensagens, entravam em contato e ofereciam o serviço falso”, descreve William.
A princípio, o que a investigação descobriu é que Alaor seria o responsável pela negociação e abordagem das pessoas. Ele é quem tomaria a frente da prática criminosa. A apuração segue no sentido de delimitar a participação de Mayara e descobrir novas vítimas no Brasil.
“Pelo menos, desde 2016, eles vêm aplicando golpes de venda fraudulenta de vagas de medicina”, diz o delegado.