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Contra o preconceito: casal trans retrata rotina com bebê em rede social

Com mais de 250 mil seguidores no Instagram, Cleyton Bitencourt e Fabiana Santos realizaram sonho antigo e gestaram Álex, de 6 meses

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1 de 1 071021 AM Casal Trans 012 - Foto: Aline Massuca/Metrópoles

Rio de Janeiro – O casal de influencers trans Cleyton Bitencourt, 26 anos, e Fabiana Santos, 29, soma mais de 250 mil seguidores no Instagram. O rapaz é considerado um dos 20 maiores influenciadores transgênero do Brasil e impressionou após dar à luz a filha do casal, Álex, de 6 meses. Na internet, os dois buscam quebrar barreiras impostas por estigmatização e preconceito e mostrar que, sim, um homem trans, como Cleyton, pode realizar o sonho de gerar uma criança, e um casal trans pode e deve viver longe de estereótipos construídos socialmente.

Em entrevista ao Metrópoles, Cleyton contou que conheceu Fabi nas redes sociais e, após conversarem por Instagram e WhatsApp, marcaram um encontro. Eles estão juntos há dois anos e moram no Rio de Janeiro. Ao longo do tempo, amadureceram a ideia de ficar “grávidos“, um sonho de Cleyton.

“Eu sempre tive o sonho de gerar uma criança, bem antes de me assumir – quando eu era uma mulher cis. Conforme o tempo foi passando e fui me redescobrindo, esse sonho não mudou. Não deixei de lado, fui carregando comigo. Nisso, quando conheci a Fabiana, eu conversei com ela sobre a possibilidade da gente ter um filho, porque eu tinha esse sonho”, contou o pai.

“Então, entramos em um acordo, porque tínhamos que fazer outras coisas para conseguir engravidar, como parar a hormonização. Ficamos seis meses sem fazer e conseguimos a gestação”.

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Juntos a dois anos, são pais de Álex, de seis meses
Cleyton gerou a filha e amamentou durante o primeiro mês de vida dela
Ele e Fabi são influenciadores digitais
Cleyton e Fabi têm, somados, mais de 250 mil seguidores no Instagram
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Cleyton Bitencourt e Fabiana Santos são um casal transgênero

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Juntos a dois anos, são pais de Álex, de seis meses

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Cleyton gerou a filha e amamentou durante o primeiro mês de vida dela

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Ele e Fabi são influenciadores digitais

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Cleyton e Fabi têm, somados, mais de 250 mil seguidores no Instagram

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Cleyton explicou que o casal escolheu o nome da bebê antes de descobrir o sexo biológico. “Foi quando a gente bateu o martelo de que queria engravidar que começamos a escolha do nome. Pensamos: ‘Poxa, já que a gente não sabe se será uma menina ou menino, a gente escolhe um nome neutro’. Não tínhamos nem começado as tentativas de gestação e vínhamos conversando sobre isso”.

O rapaz teve uma gravidez normal e chegou a amamentar a bebê no primeiro mês de vida. Mas a produção de leite diminuiu e, depois, cessou. Com isso, hoje a pequena se alimenta por fórmula, uma espécie de leite artificial. Como a menina não depende mais totalmente do pai, tanto Cleyton quanto Fabiana cuidam 100% da criança individualmente.

“Os dois podem fazer absolutamente tudo. A gente divide as tarefas em casa e cada um faz um pouquinho, para não pesar para ninguém. Assim, conseguimos conciliar tudo”, reforça Cleyton.

Influencer mirim

Foi no começo da gravidez que Cleyton e Fabi recorreram às redes sociais e viraram influenceres. Com a pandemia da Covid-19, o rapaz foi demitido da empresa onde trabalhava como auxiliar administrativo, enquanto ela fechou o salão de beleza onde atuava como cabeleireira. A ideia inicial era mostrar a gestação de Álex e a rotina do casal, mas o Instagram se tornou a fonte de renda deles.

“Nós começamos, na verdade, com a intenção de mostrar o mundo de famílias transafetivas, mostrar que existimos. Mas aí, com o tempo, tudo foi tomando uma direção que a gente não esperava, mas agarramos a oportunidade. Foi do nada, mas deu bom, né?”, brincou.

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Bebê nasceu em abril deste ano
Menina foi gerada pelo pai, Cleyton, um homem transgênero
Ela gosta de brincar com objetos que emitem sons, como chocalho
Álex tem uma parceria com a marca de fraldas Pampers
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Álex tem seis meses

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Bebê nasceu em abril deste ano

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Menina foi gerada pelo pai, Cleyton, um homem transgênero

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Ela gosta de brincar com objetos que emitem sons, como chocalho

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Álex tem uma parceria com a marca de fraldas Pampers

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Com o tempo, o casal passou a chamar a atenção de marcas e firmou “publis” com empresas de brinquedos e produtos de higiene, por exemplo. Mas a estrela é a pequena Álex, que tem um contrato fixo com a marca de fraldas Pampers por 13 meses e virou uma influencer mirim.

(Falta de) conhecimento

Cleyton contou ao Metrópoles que, por volta dos 18 anos, começou a não se sentir à vontade como mulher. Não queria mais vestir roupas femininas e ser chamado pelo então nome. Diante disso, assumiu-se lésbica, por entender que, desta forma, ficaria melhor. Com o passar do tempo, sentiu que ainda faltava algo. Foi quando descobriu que existiam pessoas transgênero (aquelas que se identificam com um gênero diferente que o de nascimento) e começou a pesquisar mais sobre. Era algo até então desconhecido para Cleyton.

“A única forma que eu conseguia me sentir bem era vestindo uma roupa masculina e me rotulando como lésbica. Mas aí, com o passar do tempo, continuei não me sentindo confortável com o fato de ainda fazer parte do mundo feminino. Foi aí que descobri pessoas transgênero. Me identifiquei e procurei a ajuda de um psicólogo para poder me entender melhor, porque foi uma confusão enorme”, disse.

O influencer ressaltou que, assim como ele, muitas pessoas desconhecem a letra T da sigla LGBTQIA+, principalmente pela falta de debates sobre o assunto nas escolas. Isso incita comentários deturpados sobre esta comunidade, muitas vezes motivados pela ignorância em relação ao tema. Para Cleyton, o trabalho dele e de Fabi nas redes sociais ajuda pessoas a se informarem melhor e entenderem as particularidades de pessoas transgênero.

“90% do nosso público são mulheres que dizem que gostam muito da nossa família e não entendiam sobre pessoas transgêneros. Hoje, elas conseguem compreender e falam comigo que, antigamente, nunca imaginariam um homem trans gerando um filho e tudo mais. A gente recebe muito essas mensagens e conseguimos esclarecer muito do que as pessoas não sabiam antes”, afirmou.

Por outro lado, os ataques e xingamentos preconceituosos também surgem, mas não desestabilizam Cleyton e Fabi. Unidos, eles tentam exercer um papel pedagógico, com explicações a respeito de transgeneridade.

“Recebemos (mensagens negativas), mas é minoria. Costumamos conversar com essas pessoas e mostrar nossa realidade, para elas tentarem entender. Muita gente realmente é preconceituosa e tudo mais, mas vemos que existem pessoas, que, na verdade, são ignorantes, não entendem absolutamente nada do assunto. Aí quando você vai e conversa, a pessoa entende”, explicou.

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