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Casal ex-MST abandona CPI por medo de processo e perguntas governistas

A CPI do MST na Câmara dos Deputados ouviu um casal de ex-membros do grupo, que acusou líderes do movimento de trabalho escravo e extorsão

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Augusto Tenório/Metrópoles
Nelcilene e Ivan casal ex-MST na CPI da Camara
1 de 1 Nelcilene e Ivan casal ex-MST na CPI da Camara - Foto: Augusto Tenório/Metrópoles

A audiência pública realizada na tarde desta terça-feira (30/5) pela CPI do MST ouviu um casal de ex-membros do grupo. Tratam-se de Nelcilene Reis e Ivan Xavier, integrantes do acampamento Marias da Terra, no Distrito Federal (DF). O depoimento inflamou a oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas os ex-integrantes Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra deixaram o plenário antes de serem questionados pela base governista.

Nelcilene afirmou ter ingressado no MST com a expectativa de receber um pedaço de terra para plantar. Questionada por Rodolfo Nogueira (PL-MS), ela disse ter sido alvo de extorsão dos líderes do acampamento e que trabalhava num mercadinho montado dentro da ocupação. Lá, relata, alimentos eram vendidos com preços acima do normal e mesmo fora da validade.

Ela e o marido deixaram o movimento após um desentendimento com os líderes. Nelcilene disse se sentir escravizada por trabalhar todos os dias, de graça, e não poder vender o resultado da sua plantação. Ela alega ter trabalhado, durante os cinco anos integrando o MST, 8h por dia, sem receber por isso ou ter acesso a alimentação.

Segundo a trabalhadora rural, também havia trabalho na portaria do acampamento, mas negou receber qualquer tipo de armamento. Ela disse receber foguete de artifício para disparar e chamar atenção dos colegas caso alguém se aproximasse.

“Na plenária, eles se reuniam e a gente tinha que dar ou dinheiro ou alimento, e eles cobravam uma taxa de R$ 10. Se não desse, ficava inadimplente e dava motivo para expulsão. Não sabíamos o destino. Pegavam da gente pra bancar o carro dos líderes do MST. Eram muitos, não sei nome. Do acampamento 8 de março eu sei: Edineide, da Paz, Thiago, William, Erika”, disse Nelcilene mas alegou desconhecer o sobrenome dos supostos envolvidos.

O depoimento seguiu reforçando o discurso da oposição, de forma a prejudicar o MST. Quando parlamentares governistas começaram a falar, houve confusão: Samia Bomfim (PSOL-SP) teve microfone cortado pelo relator, Ricardo Salles (PL-SP).

Nilto Tatto (PT-SP) questionou Nelcilene se um homem do acampamento, de nome Vagner de Souza Galvão, tentou matar seu marido. Ela confirmou mas, questionada o sobre o motivo, se recusou a responder. Logo após, parlamentares da base do governo Lula alertaram que mentir na CPI pode ter repercussão judicial. Isso aconteceu em meio às acusações, reverberadas por Gleisi Hoffmann (PT-PR), de que Salles estaria orientando as respostas do casal.

Pouco tempo depois, questionados pelo Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), presidente da CPI, os convidados decidiram se retirar. Antes, algumas perguntas técnicas sobre o acampamento também não foram respondidas. Gleisi, presidente do PT, disse que acionará o Judiciário sobre problemas na condução da Comissão.

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