Casal dono de creche na Rocinha é preso por desviar verbas da educação
Lilia dos Santos de Lima e Alcino Jorge Leal foram presos suspeitos de roubar R$ 6 milhões de verba da educação; ambos estavam foragidos
atualizado
Compartilhar notícia
Rio de Janeiro – A Polícia Civil prendeu, nesta quarta-feira (3/8), a diretora de uma creche na Rocinha, na zona sul, identificada como Lilia dos Santos de Lima, e o companheiro, Alcino Jorge Leal da Silva. Os dois foram alvos da Operação Desfralde, realizada na quinta-feira (28/7), e eram considerados foragidos. Eles foram localizados na comunidade onde a instituição funciona e levados para a sede da Polícia Federal, no Centro do Rio.
A intervenção foi feita para combater desvios de verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que eram supostamente promovido pela diretora.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, a diretora teria movimentado R$ 6.217.531,00 de forma suspeita, entre os anos de 2018 e 2021. Foi identificado que parte desta quantia seria proveniente de programas federais de apoio à educação.
A investigada é suspeita de ter falsificado documentos para forjar o número de crianças atendidas pela creche e assim garantir o aumento de repasses de verbas públicas.
Além de ser a principal beneficiária das transferências bancárias, Lilia realizou diversas movimentações em favor do companheiro. Ele utilizava-se dos valores para fazer viagens de lazer e compras de artigos incompatíveis com o consumo da instituição de educação infantil. Dentre destes artigos, havia a compra de bebidas alcoólicas, cigarros, remédio para controle de colesterol, perfume importado e composto natural para aumento de libido.
Vídeo que pedia doações
Em 2020, Lilia gravou um vídeo que tinha como principal objetivo incentivar doações de moradores. Nas imagens, ela apresentava a creche e pedia dinheiro para comprar cestas básicas e remédios para as famílias da Rocinha.
Em uma ordem judicial foi determinado o sequestro do imóvel que funciona a instituição de educação. O uso do local será feito pela Secretária Municipal de Educação, que apoiou a investigação e pretende não interromper o atendimento prestado às crianças da comunidade.
O casal foi indiciado pelos crimes de peculato e estelionato majorado, e as penas somadas podem chegar a 18 anos de reclusão.