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Carrefour ameaça processar autores de livro sobre caso João Beto

O Metrópoles obteve e-mail enviado pelo jurídico do Carrefour ao reitor da universidade que lançou o livro nesta terça-feira (29/6)

atualizado

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cliente agredido e morto por seguranças do supermercado Carrefour
1 de 1 cliente agredido e morto por seguranças do supermercado Carrefour - Foto: Reprodução/Redes Sociais

O grupo Carrefour ameaçou ingressar com um processo judicial contra os responsáveis pela publicação do livro “Caso Carrefour, Segurança Privada e Racismo: Lições e Aprendizados”, lançado nesta terça-feira (29/6) e editado pela Universidade Zumbi dos Palmares (Unipalmares).

A obra apresenta um estudo organizado após o assassinato de João Alberto Silveira de Freitas, o João Beto, em uma unidade do supermercado em Porto Alegre, em novembro do ano passado.

De acordo com a professora Susana Durão, uma das autoras do livro, a pesquisa revelou que o setor de segurança privada opera sem governança e que ficaram evidentes os aspectos que dificultam a regulação da violência e a luta contra as manifestações de racismo neste segmento.

Contatado pelo Metrópoles, o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e líder do Movimento AR, José Vicente, explica que o livro mostra que o agente de segurança tem dificuldade para reconhecer o racismo.

“Nós temos uma segurança pública que apresenta um olhar enviesado para essa questão do medo com o objeto a se ter uma atenção especial”, assinala, ao destacar que João Beto estaria vivo, se não houvesse discriminação racial no episódio.

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Beto morreu após ação brutal de seguranças
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Em e-mail enviado a Vicente, mensagem a qual o Metrópoles teve acesso, o gerente jurídico do Carrefour, Danilo Bonadio Bonfim, aponta que, com o lançamento do livro, a rede de supermercados “se reserva o direito de buscar a responsabilização criminal de todos os envolvidos, bem como adotar as medidas cíveis e inclusive reparatórias por todos os prejuízos que venham a ser causados”.

O Carrefour alega que o título e o conteúdo do livro associam o nome da empresa ao racismo, “muito embora referida prática não tenha sido identificada pelas autoridades competentes, nem no âmbito criminal nem no cível”.

A empresa também contesta o uso “indevido de documentos internos pertencentes ao grupo Carrefour, apenas disponibilizados aos representantes da Fenavist [Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores]”.

Por fim, o grupo Carrefour defende que as informações publicadas estão em desarmonia com a veracidade dos fatos.

Procurado, o Carrefour enviou a seguinte nota:

“Sobre a publicação do livro ‘Caso Carrefour, Segurança Privada e Racismo: Lições e Aprendizados’, o Grupo Carrefour Brasil foi pego de surpresa com a publicação por não ter sido procurado em nenhum momento para contribuir com o livro que leva seu nome e também por ver documentos internos publicados sem sua anuência. Entendemos que teríamos muito para compartilhar, dado todo o aprendizado dos últimos meses, e lamentamos que isso não tenha sido considerado. Desde que assumimos os compromissos para combater o racismo estrutural no Brasil, a companhia vem sendo pioneira na implementação de um novo modelo de segurança, com a internalização dos agentes de prevenção. Foi um compromisso assumido publicamente e fielmente cumprido, e estamos totalmente abertos a dividir nossos aprendizados. Somos favoráveis à discussão do atual modelo de segurança privada no país e sempre estivemos à disposição para dialogar com diversas organizações e entidades, de forma que todos possam construir, juntos, um novo cenário de segurança e combate ao racismo no Brasil. O Carrefour manteve, desde o incidente em Porto Alegre, uma postura absolutamente transparente e colaborativa, tendo implementado os diversos compromissos públicos anunciados, e celebrado, em tempo recorde, termo de compromisso com autoridades públicas, no valor de R$ 115 milhões, com diversas ações em prol da igualdade racial.”

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