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Carnaval: a herança sentimental das famílias brasileiras

Com diferentes formas, cores e sons espalhados por todo o Brasil, o Carnaval é compartilhado de geração a geração no Brasil

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Foto colorida da família de Selma curtindo o Carnaval do Recife - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida da família de Selma curtindo o Carnaval do Recife - Metrópoles - Foto: Arquivo pessoal

Com os preparativos a todo o vapor para curtir o Carnaval na avenida ou no bloco de rua, os brasileiros compartilham a emoção de aproveitar a folia ao lado dos seus familiares. A diversidade de sons, cores e sentimentos faz com que a festa mais popular do Brasil vire herança e seja apreciada por diversas gerações.

Após dois anos de pandemia, o que impediu a realização da única festividade capaz de mudar a rotina de todo o país, as famílias brasileiras estão ansiosas para aproveitar a folia sem restrições.

Carnaval no Rio de Janeiro

A pesquisadora, jornalista e escritora Rachel Valença, de 78 anos, é natural do Rio de Janeiro e contou ao Metrópoles que, quando era mais nova, sua família não permitia que participasse do Carnaval, por considerar que a festa “não era mais algo próprio para moças de família”.

“Eu só fui mesmo participar do Carnaval depois de casada, quando, por uma série de circunstâncias, eu me apaixonei pelo sambas de Silas de Oliveira, um compositor do Império Serrano (escola de samba do Rio de Janeiro)”, conta Valença.

Apesar de não poder curtir o Carnaval quando criança, Rachel Valença apresentou a festa para suas filhas e seus netos – que, desde novos, puderam participar da folia e dos desfiles da escola do coração da escritora, o Império Serrano.

“Desde que eles nasceram, nós acompanhamos o Carnaval, e ele faz parte da nossa vida como uma coisa muito importante, não apenas restrita às datas consagradas a ele, mas o ano todo. A nossa família adora Carnaval, acompanha Carnaval o ano inteiro, e isso é uma coisa que nos une muito”, descreve Rachel.

Com grande influência não somente na sua vida pessoal, o Carnaval também é uma figura de destaque na vida profissional de Rachel. Em sua dissertação de mestrado, a professora de língua portuguesa analisou a retórica do samba-enredo: “Palavras de purpurina”.

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Ao lado de amigos, Rachel Valença curte o Carnaval de 2013 no Rio de Janeiro
Ao lado da família e amigos, Rachel assistiu o Carnaval no Sambódromo em 2015
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No desfile da Império Serrano de 2017, Rachel desfila com a indumentária da Velha Guarda e está acompanhada de suas duas filhas, uma sobrinha e três netos

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Ao lado de amigos, Rachel Valença curte o Carnaval de 2013 no Rio de Janeiro

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Ao lado da família e amigos, Rachel assistiu o Carnaval no Sambódromo em 2015

Carnaval no Recife

Atualmente, Selma Ribeiro vive em Brasília, mas, sempre que pode, tenta aproveitar o Carnaval com toda a sua família em Recife, capital de Pernambuco. A cidade tem como folia de rua o Galo da Madrugada, que atrai milhares de turistas todos os anos.

Na sua família, Selma conta que a tradição do Carnaval nasceu com a sua bisavó Maria do Carmo – que, por volta dos anos 1940, aproveitava a festa ao lado das filhas no bairro de São José.

A partir da herança repassada para sua avó, Anna Moura, e para sua mãe, Celia Moura, Selma contou ao Metrópoles que é uma festa contagiante e com muita diversidade. “É alegria, é o viver, é todos juntos e misturados, é uma união e muita diversidade”, avaliou.

Sobre as folias tradicionais de Recife, Selma afirma que “o astral do Carnaval pernambucano é bem diferente dos outros carnavais”.

“É um carnaval de blocos, de família, de amizade, de coleguismo. A pessoa vem para brincar o Carnaval, para se divertir”, declara Selma.

Com a pandemia e as restrições que impediram a realização do Carnaval nos últimos anos, Celia Moura, de 81 anos, contou ao Metrópoles que, desde setembro do ano passado, está ansiosa para a folia deste ano. “A ansiedade é imensa! Desde setembro estou sofrendo, e o dia não chega. Eu tenho muito amor pelo Carnaval”, revelou, emocionada.

O Galo da Madrugada nasceu em janeiro de 1978 e, desde então, Celia tenta participar de todas as folias com sua família e amigos.

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Celia ao lado da irmã Cilene e sua amiga Marlene
No Carnaval de Recife, Selma aparece ao lado da sua irmã Sandra e da sua mãe Celia
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Selma brincando a folia do Galo da Madrugada com sua mãe Celia

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Celia ao lado da irmã Cilene e sua amiga Marlene

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No Carnaval de Recife, Selma aparece ao lado da sua irmã Sandra e da sua mãe Celia

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Carnaval em Brasília

O pernambuco Pablo Feitosa, de 49 anos, chegou em Brasília há 21 anos, mas, há 10 anos, participa da organização do bloco Suvaco da Asa, tradicional na capital federal. Herdeiro do amor pela folia do Galo da Madrugada e das folias de Olinda, em Pernambuco, ele hoje organiza a festa ao lado de seus conterrâneos.

“Eu sou herdei da minha mãe e do meu pai o amor pelo Carnaval. Com minha mãe, conheci o Galo da Madrugada e frequentei os primeiros blocos de minha vida. O meu pai sempre participou de blocos, inclusive da criação de hino de bloco no carnaval de Olinda”, contou Pablo, presidente do Suvaco da Asa.

Com a tradição de brincar no Galo da Madrugada, Pablo conta que até hoje a sua família e os seus amigos se encontram no cruzamento entre a rua Romeu Gomes com a rua da Concórdia, na capital pernambucana.

“Herdei esse sentimento dos meus pais, que sempre organizaram blocos em Pernambuco, e hoje me vejo fazendo a mesma coisa aqui em Brasília”, afirma o presidente do Suvaco da Asa.

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Clarice, filha de Pablo, em seu primeiro Galo da Madrugada
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Pablo Feitosa no Carnaval de 2023, em Brasília

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Clarice, filha de Pablo, em seu primeiro Galo da Madrugada

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