Carlos e “gabinete do ódio” ajudaram Bolsonaro no pronunciamento
Em cadeia nacional de rádio e TV, o presidente defendeu o fim do confinamento em massa por conta do coronavírus
atualizado
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“Surpresa”. Essa foi a reação de integrantes do Palácio do Planalto após o pronunciamento nacional do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na noite desta terça-feira (24/03). O discurso, em que pediu o fim do “confinamento em massa” diante da escalada da pandemia do coronavírus, foi preparado no gabinete do próprio presidente com a participação de poucas pessoas e em segredo. O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), considerado o mais radical dos filhos de Bolsonaro, participou da elaboração do pronunciamento. São informações do Estadão.
Também estavam presentes, segundo o Estadão apurou, integrantes do chamado “gabinete do ódio”, onde atuam assessores responsáveis pelas redes sociais pessoais do presidente e ligados a Carlos.
Até o final da tarde, poucos auxiliares sabiam que Bolsonaro preparava uma declaração em cadeia de rádio e televisão. A decisão de falar à nação foi tomada após as reuniões com os governadores do Sul e do Centro-Oeste. A gravação foi feita à tarde.
O presidente vinha sendo elogiado dentro do próprio governo por se abrir ao diálogo com os governadores e sinalizar uma mudança de postura sobre os efeitos da Covid-19, que já matou 46 pessoas no país.
Retrocesso
O pronunciamento, no entanto, surpreendeu negativamente auxiliares do Planalto, que viram um retrocesso na posição de Bolsonaro.
No discurso, o presidente defendeu a reabertura do comércio e das escolas. Segundo ele, a imprensa foi responsável por passar à população da “sensação de pavor” e potencializou o “cenário de histeria.”
O presidente disse ainda que, caso e contraísse o coronavírus, ele não sentiria nenhum efeito dado o seu histórico de atleta.
Durante o pronunciamento, Bolsonaro foi alvo de panelaços em ao menos dez capitais. Após o discursos, as críticas ao presidente estiveram entre os assuntos mais comentados do Twitter.