Carlos Bolsonaro fora das redes aumentou “sentimentos negativos”
Levantamento identificou que após o afastamento, foram intensificados os ataques ao vereador, tentando às investigações do caso Marielle
atualizado
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A saída do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) das redes sociais levou a um aumento expressivo no Twitter dos sentimentos negativos em relação ao filho do presidente da República. É o que aponta um estudo feito a pedido do jornal O Estado de S.Paulo pela AP Exata, empresa especializada na análise de dados que circulam na internet. A agência coletou 41.204 tuítes gerados em 145 cidades do País que faziam menções ao segundo filho de Jair Bolsonaro.
O levantamento também identificou que, após o afastamento de Carlos da esfera online, foram intensificados os ataques ao vereador, tentando associá-lo às investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, com a disseminação de hashtags como #QuemMandouMatarMarielle e #tictacCarluxo. Carlos não é investigado neste processo. Em novembro, a Polícia voltou a ouvir depoimentos de assessores dele.
A análise de sentimento das mensagens mostrou que medo, tristeza e raiva em relação ao vereador aumentaram, enquanto confiança e alegria caíram. O estudo considerou dois intervalos de tempo: de 23 de outubro a 11 de novembro (período anterior ao desligamento do vereador das redes) e de 12 de novembro (quando Carlos se afastou do Twitter e do Facebook) a 5 de dezembro.
“Rede é guerra narrativa. A partir do momento em que Carlos Bolsonaro se ausenta, a defesa dele baixa, tem menos pessoas para defendê-lo na internet, porque além dele mesmo se defender, ele angariava seguidores que atuavam de acordo com o que ele falava”, diz Sergio Denicoli, diretor de big data da AP Exata. “A falta dessa narrativa acabou por prejudicar um pouco a imagem dele nas redes.”
Os 20 dias antes da saída de Carlos das redes registraram menos menções ao vereador – foram mapeados 18.641 tuítes no período anterior ao afastamento de Carlos, e 22.563 depois. Na avaliação de Denicoli, o sumiço das redes é uma forma de “desenvolver estrategicamente a propaganda do governo”.
“Apesar de ele sair, os temas que ele colocou durante a campanha eleitoral e durante a atuação dele até a saída, permanecem bem construídos”, diz. Entre esses temas cristalizados estão críticas à ideologia de gênero, a valorização do trabalho policial, o antipetismo e a defesa da direita.