Carlos Arthur Nuzman é preso por suspeita de fraude na Rio 2016
Ele é acusado de intermediar a compra de votos de integrantes do COI para a eleição do Rio como sede da Olimpíada de 2016
atualizado
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O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, foi preso na manhã desta quinta-feira (5/10), no Rio de Janeiro, por agentes da Polícia Federal e promotores do Ministério Público Federal (MPF). Leonardo Gryner, ex-diretor de operações do comitê Rio 2016, também é alvo da operação.
Os agentes da PF chegaram à casa do presidente do COB, no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro, por volta das 6h da manhã. Ele foi retirado do local sem nenhuma resistência. Também foi apreendida uma chave, apontada como sendo de um cofre com as barras de ouro que estão na Suíça.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Nuzman aumentou seu patrimônio em 457%, entre 2006 e 2016. A defesa dele criticou a prisão. “Vou saber agora o que se passa e quais são os fundamentos dessa medida. É uma medida dura e não é usual dentro do devido processo legal”, disse o advogado Nélio Machado.A ação é um desdobramento da Unfair Play, uma das etapas da Lava Jato. Os dois são suspeitos de intermediar a compra de votos de integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a eleição do Rio como sede da Olimpíada de 2016.
As prisões foram autorizadas pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, em função da tentativa de ocultação de bens no último mês, após a polícia ter cumprido um mandado de busca na casa de Nuzman. Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O esquema de corrupção, segundo os investigadores, tem a participação do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
Esquema internacional
A investigação conjunta do Ministério Público Federal (MPF) do Brasil e do e do Ministério Público Financeiro de Paris, da França, apura a relação entre viagens de Nuzman e Gryner à África, em 2009, e transferências bancárias para a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês).
Há um mês, o juiz federal Marcelo Bretas decretou o bloqueio de R$ 1 bilhão do presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e dos empresários Arthur Soares e Eliane Cavalcante.
A força-tarefa aponta que “neste grande esquema ganha-ganha” o empresário Arthur Soares direcionou propina que seria destinada ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para Papa Massata Diack, filho do presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês). Segundo o Ministério Público Federal, o objetivo era “garantir mais um voto na escolha do Rio de Janeiro como sede para os Jogos Olímpicos de 2016”.
“Cabral determinou que Arthur Soares realizasse pagamento de US$ 2 milhões a representante da Associação Internacional de Atletismo, como forma de obter votos para a eleição da cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016”, afirmou a Procuradoria na época.
“Carlos Arthur Nuzman, como presidente do COB (e, posteriormente, também do CO Rio 2016), foi o agente responsável por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas de Sérgio Cabral diretamente a membros africanos do COI, o que foi efetivamente feito por meio de Arthur Soares.” (Com informações da Agência Estado)