“Estão tentando envolver Bolsonaro através de mim”, diz Zambelli após operação da PF
Zambelli é alvo de investigação da Polícia Federal (PF), deflagrada nesta quarta-feira (2/8). Parlamentar teve celular apreendido
atualizado
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) falou ao vivo, nesta quarta-feira (2/8), sobre a Operação 3FA, da Polícia Federal (PF). A parlamentar prestou esclarecimentos em coletiva de imprensa no Salão Verde de Câmara dos Deputados.
Zambelli é alvo de investigação da PF, deflagrada nesta quarta. A corporação investiga a ação da parlamentar e de Walter Delgatti, conhecido como “hacker da Vaza Jato”, para invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Além disso, a deputada é acusada de pedir que Delgatti fraudasse urnas eletrônicas para alterar o resultado das eleições.
Eles também são investigados por incluir um pedido de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Durante a coletiva, a parlamentar tentou proteger o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de acusações sobre envolvimento nos supostos crimes. “A impressão que eu tenho é de que estão tentando envolver o (ex) presidente Jair Bolsonaro através de mim”, disse.
Investigações da PF mostram que Zambelli teria colocado Delgatti em contato com Bolsonaro e com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, para tratar sobre urnas eletrônicas. Ela nega que o ex-mandatário tenha pedido que as urnas fossem fraudadas.
“Não existe nenhuma, absolutamente nenhuma prova nem nada que tenha sido feito a pedido do presidente”, alegou a parlamentar.
E Zambelli continuou:
“Eu acho que vocês estão fazendo especulações tentando envolver o presidente em uma situação que é minha. Eu digo o seguinte: se houver qualquer coisa relacionada ao Delgatti, é Carla Zambelli que responde. O presidente Bolsonaro não tem absolutamente nada a ver com isso”, pontuou.
Segundo ela, os policiais federais recolheram dois celulares, o passaporte e um HD.
Próximos passos
A parlamentar disse, em coletiva, que deve prestar depoimento à PF na próxima segunda-feira. Questionada se teme abertura de processo de cassação de mandato no Conselho de Ética da Câmara, a deputada negou.
“A verdade aparece com o tempo”, pontuou. O Conselho de Ética da Câmara analisa, nesta quarta, um processo contra a parlamentar.
Zambelli também afirmou que não conversou com membros do PL e nem com o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.
Veja a íntegra da coletiva:
Operação 3FA
No total, são quatro mandados de busca e apreensão tanto no apartamento funcional quanto no gabinete da deputada, em Brasília, e um mandado de prisão preventiva, em São Paulo, contra Delgatti.
O objetivo da operação é esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
De acordo com a Polícia Federal, os crimes ocorreram em 4 e 6 de janeiro deste ano. Nas datas, foram inseridos no sistema do CNJ e de outros tribunais brasileiros 11 alvarás de soltura de presos e um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Segundo as investigações, a invasão ocorreu “com a utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita”. Isso configuraria crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
O nome 3FA é uma referência à autenticação de dois fatores (2FA), que é um protocolo de segurança de gerenciamento de identidade e acesso com a exigência de duas formas de identificação. Só assim, o usuário consegue ter acesso a dados. No caso dos investigados, foi preciso a atuação da PF, do MPF e do Judiciário contra a ação dos criminosos.