Carioca engravida duas semanas após fazer bariátrica
Fany Ramos tinha 117 quilos e apresentava problemas de saúde; a jovem conta o desespero e a aflição de saber sobre a gravidez pós-cirurgia
atualizado
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Rio de Janeiro – Com problemas de saúde como pré-diabetes e gordura no fígado, a carioca Fany Ramos, de 24 anos, estava decidida, no fim de 2020, a realizar uma cirurgia bariátrica. A jovem de então 117 quilos e 1,75 metro já não mostrava muita disposição para brincar com seus dois filhos, hoje com 7 e 3 anos, e se sentia culpada.
Por conta da compulsão alimentar, seus sentimentos se revertiam em uma vontade incontrolável de comer. “Se eu estivesse feliz, queria comer, e se estivesse triste também. Eu podia já ter jantado, mas quando batia a ansiedade, eu queria hambúrgueres, salgados… E nunca era só um”, lembra a influenciadora. “A conta da família só com lanches batia mil reais por mês”.
Até que a moça percebeu que não dava mais para viver daquela forma. A certeza de que sua saúde estava fragilizada despertou a necessidade de mudar pelos filhos: “Precisava cuidar deles”, afirma.
A bariátrica e a gravidez
A cirurgia bariátrica foi realizada em 12 de dezembro de 2020. No entanto, com duas semanas de operada, Fany engravidou de Noah, seu terceiro filho. A situação, para ela, foi “dolorosa e desesperadora”.
“Eu só descobri em 21 de fevereiro. Achava que não seria possível, mesmo com a menstruação atrasada. Quando confirmei, não aceitei, foi assustador”, relembra a influenciadora. “Chorei muito. Fiquei perguntando a Deus o porquê daquilo ter acontecido comigo”.
Como se não bastasse a insegurança com o que estava por vir, ela também lidou com medo do que as pessoas iriam pensar, e chegou a esconder a gestação de seus seguidores por cerca de três meses. “Quando contei, muitos me apoiaram, mas vários disseram que eu só queria ganhar mais seguidores”, relembra.
Apesar do susto inicial, tudo deu certo. Mesmo grávida e com todas as restrições pós-bariátrica, Fany conseguiu melhorar os exames e emagrecer mais de 40 quilos, ainda gestante. Ingeria basicamente sopas e suplementos – fora desse cardápio, acabava vomitando.
Quando o bebê foi crescendo na barriga, o pequeno acabou pressionando o estômago da mãe, o que complicou ainda mais a situação da alimentação. Felizmente, Noah nasceu saudável há pouco mais de quinze dias e Fany também passa bem.
Depois do anúncio da gravidez, ela contou com um salto de 10 mil seguidores em seu perfil nas redes sociais – hoje, traz 28 mil fãs no Instagram. Essa reviravolta permitiu que passasse a gerar renda a partir de patrocínios. “Antes eu era dona de casa. Hoje, ganho apoio de marcas ligadas à maternidade e à suplementação”, conta.
Compulsão alimentar
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que os transtornos alimentares afetam cerca de 4,7% dos brasileiros. “O comer transtornado, como chamamos, é comer de maneira disfuncional. A pessoa sente culpa ao comer, tem episódios de descontrole, come por emoção e faz repetidas dietas – muitas vezes inadequadas, com muitas restrições”, explica a nutricionista Julie Soihet, do Programa de Tratamento de Transtornos Alimentares da Universidade de São Paulo (USP).
Antes da cirurgia, a carioca entendeu que não bastava mudar o seu corpo, precisaria também transformar sua mente. Foi assim que resolveu buscar ajuda psicológica. “Nesse ponto, comecei a entender os meus gatilhos”, assegura.
De acordo com Soihet, é indispensável o acompanhamento com um grupo de profissionais que saibam lidar com o transtorno. “Precisamos de nutricionista, psicólogo e psiquiatra, para que esse paciente tenha um atendimento adequado, não piore seu quadro e trabalhe seu comportamento alimentar”.
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