Cárcere milionário: entenda treta que envolve socialite e ex-motorista
A socialite Regina Lemos acusa o ex-motorista de mantê-la em cárcere privado por 10 anos no Rio de Janeiro
atualizado
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A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) tentam prender, na manhã desta terça-feira (27/11), o ex-motorista José Marcos Chaves Ribeiro, suspeito de manter em cárcere privado a socialite Regina Lemos, 88 anos. A deflagração da Operação Damas de Ouro trouxe à tona a trama que se estende por mais de 10 anos.
O homem é acusado de tentativa de feminicídio, sequestro e cárcere privado, violência psicológica e furto qualificado contra Regina.
A situação tornou-se pública quando Regina conseguiu fugir do ex-motorista e concedeu entrevistas detalhando o drama pessoal. A história passou a ser conhecida como Caso Chopin, nome do edifício onde fica o apartamento de luxo da socialite, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.
Segundo familiares de Regina, José Marcos teria forçado a socialite a assinar um documento de união estável, o qual ela alega não se lembrar de ter assinado.
Regina ficou viúva em 1994 do fazendeiro e proprietário da empresa de baralhos Copag, Nestor Gonçalves. Como o casal não teve filhos, Nestor deixou um patrimônio avaliado em US$ 500 milhões, o equivalente a R$ 2,5 bilhões em cotação atual, para a socialite.
Em entrevistas, parentes apontam que o ex-motorista José Marcos teria roubado uma parte considerável da fortuna da socialite, que inclui joias e obras de arte.
Declarações
Segundo o laudo pericial psiquiátrico forense feito pela perita legista médica Sandra Greenhalgh em maio, Regina Lemos “apresenta demência vascular não especificada”. Contudo, a especialista destaca que a condição não afeta a “credibilidade das declarações prestadas” pela mulher de 88 anos.
“Trata-se de doença mental, mas esta [a periciada] não apresenta no momento alterações clínicas, que alterem sua capacidade mental de entendimento e determinação e consequentemente a credibilidade das declarações prestadas”, escreveu a perita legista médica no laudo.
Indiciamento do motorista
Em julho, José Marcos foi indiciado pelo delegado Ângelo Machado, da 12ª Delegacia de Polícia do Estado do Rio de Janeiro.
Segundo o delegado, José Marcos cometeu delitos previstos no Estatuto do Idoso, deixou de cumprir, retardar ou frustrar a execução de ordem judicial, expôs a perigo a integridade e a saúde física ou psíquica do idoso e cometeu crime de violência psicológica contra a mulher.
A polícia também destituiu José Marcos da função de curador e o proibiu de se aproximar de Regina Lemos.
“Destituição da curatela de José Marcos Chaves Ribeiro, com nomeação de um familiar ou outro curador, mediante um termo de responsabilidade, na forma dos artigos 44 e 45 inciso I do Estatuto do Idoso, que dispõe sobre as medidas específicas de proteção ao idoso, devendo-se atentar para a real condição de vulnerabilidade e risco da vítima”, continuou o delegado Ângelo Machado.