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Carandiru: “Anistia a policiais é política de morte”, diz sobrevivente

Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou, na terça (2/8), projeto de lei que propõe conceder anistia aos policiais

atualizado

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Rovena Rosa/ Agência Brasil
Ato realizado em 6/10/2016 para lembrar os 111 mortos no massacre do Carandiru
1 de 1 Ato realizado em 6/10/2016 para lembrar os 111 mortos no massacre do Carandiru - Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

São Paulo – O massacre do Carandiru voltou ao noticiário nessa terça-feira (2/8) com a aprovação pela Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados do projeto de lei (PL) que propõe conceder anistia aos 73 policiais condenados.

Os agentes participaram da operação, em 2/10/1992, que acabou com a morte de 111 presidiários da Casa de Detenção de São Paulo, popularmente conhecida como Carandiru.

A proposta prevê a anulação das penas dos policiais que vão de 125 a 600 anos de prisão. O projeto de lei ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois será votado no plenário da Câmara.

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Ato realizado em 6/10/2016 para lembrar os 111 mortos no massacre do Carandiru
Estudantes de direito da Universidade de São Paulo (USP) instalaram, em 2013,  cruzes para lembrar as mortes no Carandiru
111 cruzes foram colocadas em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, no centro da capital paulista
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Cláudio Cruz é sobrevivente do massacre do Carandiru, artista e integra o programa popular Frente de Desencarceramento São Paulo

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Ato realizado em 6/10/2016 para lembrar os 111 mortos no massacre do Carandiru

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Estudantes de direito da Universidade de São Paulo (USP) instalaram, em 2013, cruzes para lembrar as mortes no Carandiru

Marcelo Camargo/ Agência Brasil
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111 cruzes foram colocadas em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, no centro da capital paulista

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

“Política de morte”

Cláudio Cruz é sobrevivente do massacre do Carandiru e integra o programa popular Frente de Desencarceramento São Paulo. Conhecido atualmente pelo nome artístico Kric Cruz, ele não se surpreendeu com a aprovação.

“Mostra o prosseguimento de uma política de morte, de uma segurança pública voltada aos genocídios, aos massacres. Isso é a maneira de eles crucificarem um povo já morto e mostrar que eles podem matar e nada vai acontecer”, disse ao Metrópoles.

“Medo até hoje”

Kric disse que cumpriu penas durante 28 anos em penitenciárias paulistas, sendo 20 anos dentro do Carandiru. Quando a Tropa de Choque da Polícia Militar da Polícia invadiu o pavilhão 9 do Carandiru, Kric era detento do pavilhão 8. Ele já estava na Casa de Detenção há cerca de 12 anos até aquele momento.

“Quando o Choque chegava na [Avenida] Cruzeiro do Sul a maioria já tirava a roupa. A gente tirava a roupa e ficava esperando, tremendo de medo”, relatou ele, sobre a rotina com a chegada da Polícia Militar. “Eu mesmo tinha um medo terrível do Choque, tenho até hoje”.

Massacre do Carandiru

Aos 65 anos e quase três décadas depois, o sobrevivente ainda lembra detalhes do dia 2 de outubro de 1992.

“O Choque entrou com o objetivo de matar, foi uma coisa premeditada e construída. Eles entraram e em seguida eu comecei a escutar muitos tiros e gritos. Aquilo entrou dentro da minha mente. Se eles tivessem entrado no [pavilhão] 8, eu teria morrido. Foi muito tiro e muito rápido.”

Kric foi contra os próprios presos serem obrigados a retirarem os corpos das vítimas do massacre. “Sofri a consequência no dia seguinte. Eu fui parar em Araraquara, que era um castigo. Cheguei em Araraquara bem machucado”, lembrou.

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