Capitais terão 41% a menos de candidatos a prefeito em 2024. Entenda
Em 2020, houve 323 candidaturas a prefeito nas 26 capitais; neste ano, serão 191. Algumas cidades terão de oito a 10 candidatos a menos
atualizado
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A população das capitais brasileiras terá menos opções de voto para prefeito nas eleições deste ano. De acordo com os registros de candidatura no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de candidatos é quase 41% menor que o registrado em 2020.
Desta vez, juntando as 26 cidades, serão 191 candidaturas. No pleito anterior, esse índice foi de 323. Todas as capitais, conforme levantamento feito pelo Metrópoles, registraram queda no número de candidatos.
Em 2020, na cidade de São Paulo, 14 candidatos se inscreveram para disputar as eleições; agora, quatro anos depois, esse número reduziu para 10. No Rio de Janeiro, a diferença saiu de 14 para nove. Em alguns locais, a diminuição foi ainda mais significativa.
Porto Velho, em Rondônia, foi a recordista de candidaturas a prefeito em 2020, com 17 nomes registrados no TSE. Desta vez, ocupa também o primeiro lugar, mas em redução do número de concorrentes. No pleito deste ano, serão sete candidatos, ou seja, 10 a menos.
Em seguida, aparecem João Pessoa (PB) e Goiânia (GO). A capital paraibana saiu de um total de 15 candidatos, em 2020, para seis este ano, enquanto a representante goiana reduziu de 16 para sete. Ambas diminuíram, portanto, nove concorrentes ao cargo de prefeito.
Veja como ficou cada uma das capitais do Brasil:
Possíveis motivos da redução
Em tese, esperava-se que a queda de candidaturas em 2024 fosse ocorrer mais na eleição proporcional (entre vereadores), em razão da nova regra do limite de candidaturas, e não na disputa majoritária (entre prefeitos). A realidade, no entanto, mostra que a tendência é geral.
Entre as capitais do Brasil, houve também uma redução de mais de 42% no número de candidatos a vereador. O total saiu de 24.403, em 2020, para 14.088 neste ano. O percentual é semelhante ao referente à diminuição na candidatura de prefeitos.
No caso dos vereadores, no entanto, existe uma explicação técnica. Passou a valer nas eleições deste ano a Lei nº 14.211/2021, que reduziu o limite do número de candidatos que um partido pode registrar nas eleições proporcionais.
Esse limite corresponde ao total de vagas em disputa na câmara de cada cidade, mais um. A fórmula passou a ser, portanto, 100% das vagas a preencher, mais um. Antes, o máximo variava de 150% a 200%, ou seja, poderia atingir até o dobro das vagas disponíveis.
Custo da eleição, pressão nas redes e polarização
No caso da diminuição dos candidatos a prefeito, as explicações partem de outra perspectiva. O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, aponta alguns possíveis motivos.
Ele entende que pode haver certo desinteresse em participar do pleito, diante do contexto atual, somado ao custo elevado de uma eleição majoritária. Ziulkoski menciona, ainda, o acirramento dos ânimos nas redes sociais, que coloca em exposição, muitas vezes, não só o político, mas também a família dele como um todo.
“Existe um descrédito hoje da política, o que aumenta a pressão sobre os candidatos. Hoje, vejo muito prefeito dizendo que não aguenta mais, que vai deixar a política para cuidar da própria vida, que não pretende continuar. É muita pressão e, muitas vezes, com sérias consequências para a pessoa física do prefeito e para a família dele. Com as redes sociais hoje, é fácil destruir a imagem de alguém. Acho que esse é um fator importante e que está inibindo muita gente. Muitos não querem se submeter a isso”, diz ele.
Outro fator, na visão do presidente da CNM, é a interferência da polarização política do Brasil em âmbito municipal. “Muitas vezes, um pretenso candidato não concorda ou não aceita nenhum dos lados e acaba ficando sem espaço para uma terceira via. Para ele se candidatar, teria de se sujeitar a esse ou aquele”, expõe Ziulkoski.