“Capitã Cloroquina” pediu viagem à Saúde para disseminar Kit Covid
Durante crise sanitária em Manaus, ministério pagou viagem à capital amazonense para 11 médicos. Custos são avaliados em R$ 4.200 por pessoa
atualizado
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Em depoimento ao Ministério Público Federal no Amazonas, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, afirmou que Mayra Pinheiro pediu que a pasta federal custeasse a viagem de médicos a Manaus, para que eles pressionassem profissionais locais a receitar cloroquina.
Mayra Pinheiro é conhecida como “Capitã Cloroquina” e consta na lista de requerimentos de convocação para a CPI da Covid. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a secretária voltou de uma viagem a Manaus e fez a solicitação ao Ministério.
“Ela pediu ajuda: ‘Olha, ajuda a gente a mobilizar para levar alguns voluntários para que a gente possa fazer uma prospecção lá’”, afirmou Angotti em depoimento.
O secretário afirmou ter entendido que se tratava de uma “prospecção junto à atenção primária à saúde”, e que a pasta ajudou somente na parte logística. A viagem de ao menos 11 médicos ocorreu em janeiro, no pior momento da pandemia em Manaus, e custou ao menos R$ 4.200 para cada profissional.
No depoimento, Angotti ainda afirmou que não sabe o motivo pelo qual sua pasta pagou pelas viagens, mas que a iniciativa foi importante para realizar uma sondagem sobre a necessidade de assistência farmacêutica da cidade.
“Imediatamente, a gente já mobilizou esforços para, se não me engano, adiantar repasses da assistência farmacêutica para o estado e para o município”, ressaltou.
As informações foram confirmadas por Mayra Pinheiro em depoimento ao MPF.
Angotti disse que o governo do Amazonas e a prefeitura de Manaus pediram que o Ministério da Saúde aumentasse o envio de cloroquina – o que foi feito. Do total de 511 mil comprimidos enviados ao estado até então, 130 mil chegaram em janeiro.