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Cantora gospel denuncia agência de talentos por abusos trabalhistas

Denúncia de Gaby Cardozo, de 17 anos, também inclui abusos psicológicos e xenofobia. Segundo empresa, denúncia é “completamente infundada”

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Arquivo pessoal
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1 de 1 imagem colorida cantora gospel Gaby Cardozo - Foto: Arquivo pessoal

A cantora gospel Gaby Cardozo, revelada em um programa de calouros no ano passado, denuncia uma agência de talentos de São Paulo por abusos trabalhistas, financeiros, psicológicos e xenofobia. A jovem de 17 anos, que morava no Ceará, afirma que vive momentos delicados desde que se mudou para o estado do sudeste.

De acordo com Gaby, ela se mudou com diversas promessas da empresa, no entanto, a realidade foi diferente do que ela e a família imaginavam.

“Tenho uma história muito grande com a música desde pequena. Com 16 anos, comecei a participar de concursos. No programa (de calouros) tive mais visibilidade, muitas gravadoras me procuraram. Uma delas é a Way Entertainment, que prometeu muitas coisas”, disse ela ao portal G1.

Após a oferta de um contrato, a família se mudou do Ceará para São Paulo.

“Com essa promessa de viver o sobrenatural de Deus, vendemos tudo no Ceará, perdemos tudo. Chegando aqui, eu não vivi nada disso. Tive que fazer tratamentos psiquiátricos e psicológico. Com isso, a gente recorreu a um escritório de advocacia”, continuou Gaby.

Porém, segundo ela, a rotina estava muito pesada e o dinheiro desapareceu. Gaby começava a trabalhar às 9h e só terminava à meia-noite.

“Responsabilidades contratuais”

Por meio de nota, a Way Entertainment informou que a denúncia da cantora e da família “é completamente infundada”.

“A artista busca se escusar das suas responsabilidades contratuais. A busca pela tentativa de rescisão partiu da própria artista e da família. De maneira extrajudicial foram tentadas várias formas de transação, contudo todas as propostas de composição foram recusadas pela família da artista. A empresa sempre se manteve aberta para o diálogo”, disse a empresa, em nota.

Sobre as acusações de xenofobia pela jovem ter saído do nordeste, a empresa disse que “isso nunca existiu”. “Não faz nenhum sentido. A empresa não teria feito um investimento tão vultuoso na carreira da artista e teria esse posicionamento.”

Ambiente de trabalho duro

De acordo com o advogado do caso, Jorge Umbelino, a história explodiu há pouco menos de um mês. Após fazer sucesso no programa musical no fim do ano passado, a gravadora fechou um contrato com a Gaby para ela gravar um álbum.

Conforme o advogado, o contrato se tratava de um exclusividade na exploração do ativo artístico da jovem. Contudo, Gaby relata que foi “exposta a um ambiente de trabalho muito complicado e duro para ela”.

“Ela tinha que gravar várias músicas, fazer muitos shows, mas não tinha muita transparência dessas marcações de shows. De repente, diziam ‘você tem que cantar em local tal’. E sempre ganhando pouco”.

Ainda conforme o representante da família, os shows passaram a se tornar mais lucrativos – menos para ela. Em média, uma apresentação de Gaby custa R$ 50 mil, mas a artista ficava com apenas 30% disso (cerca de R$ 15 mil).

Problemas emocionais

Desde o fim do ano passado, Gaby também veio acumulando problemas emocionais. Com a carga de trabalho mais intensa, a menina não estava conseguindo ajustar a rotina.

“O que mais chocou ela é que por serem nordestinos, terem um sotaque diferente, a agência queria que ela mudasse o sotaque dela. Achavam que não pegava bem para a música. Ela sentia uma certa xenofobia. Gaby disse também que por várias vezes se sentia humilhada, começou a sentir uma tristeza profunda. A psiquiatra chamou os pais e disse que ela chegou a ter pensamentos contra a própria vida”, disse o advogado.

Diagnosticada com transtorno de ansiedade generalizada, a cantora está sendo acompanhada por uma psicóloga e fazendo uso de remédios. Atualmente, a jovem está afastada de suas atividades e o advogado tenta um acordo com a empresa. A gravadora e a agência de talentos fazem parte do mesmo grupo.

No entanto, o grupo empresarial cobrou R$ 20 milhões em multa pelo rompimento – valor que não é possível de ser pago pela família.

“O pai dela procurou nosso escritório. Nós estudamos e vimos que cabia uma tutela de urgência para afastar primeiro ela do ambiente. Tivemos receio de que pudesse piorar o quadro dela. Promovemos uma ação no foro da empresa, que é lá em São Bernardo do Campo. O juiz da comarca deferiu uma liminar afastando ela e proibindo a empresa de marcar nova agenda, excluindo essa gerência sobre ela”, complementou Jorge.

A negociação em relação ao valor da multa ainda precisa ser discutida. A ideia do advogado também é avaliar a ideia de uma reparação por danos morais.

“Nós vamos entrar com uma ação para romper o contrato e discutir uma reparação por danos porque ela está fazendo tratamento (psicológico).”

Carreira gospel promissora

Gaby é autodidata na música e canta desde os seis anos de idade. Aprendeu a cantar em família e logo fez apresentações em igrejas. O engajamento da menina ficou ainda mais forte após se apresentar no programa de calouros, mas a carreira cresce desde 2021.

Natural do Rio de Janeiro, ela morava na cidade de Chaval, interior do Ceará, com a família desde pequena. Nas redes sociais, a artista já tem mais de 140 mil seguidores. No YouTube, os vídeos de Gaby têm centenas de comentários. “A Gaby se tornará em alguns anos umas das maiores cantoras do meio gospel”, diz um dos relatos.

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