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Candidaturas indígenas saltam 26% em 2020 e refletem embate nacional

Lideranças indígenas visam ganhar voz e tentar se contrapor ao governo federal com cargos eletivos

atualizado

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Pressionadas pelas políticas e ações do governo federal, lideranças indígenas brasileiras articularam a ampliação da participação de membros das etnias nas eleições municipais de 2020. O chamado surtiu efeito e o número de candidaturas de declarados indígenas cresceu 26,6% em relação ao pleito de 2016, segundo dados disponíveis nas estatísticas do TSE nessa terça-feira (29/9).

Nas eleições municipais passadas, 1.715 candidatos se declararam indígenas, o que correspondia a 0,35% de todos os concorrentes. Este ano, até o momento, são 2.171 declarados indígenas concorrendo – 0,4% do total. A quantidade de candidaturas é percentualmente próxima ao tamanho da população indígena no Brasil. Eles são pelo menos 900 mil, cerca de 0,43% de uma população de 209 milhões.

Com os números, os indígenas ultrapassam os candidatos que se declaram amarelos (1.947, ou 0,36% de todos) e deixam de ser a raça/etnia menos representada na disputa por cargos eletivos. Sem uma pauta comum, os autodeclarados amarelos diminuíram 10% em relação a 2016, de 2.165 para 1.947 concorrentes. São agora o grupo menos representado nas urnas.

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A pandemia de Covid-19 atingiu ao menos 158 povos indígenas, de acordo com o Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena

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A letalidade do coronavírus entre os indígenas é mais que o dobro da média nacional

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Em busca de mais voz

O advogado Dinamam Tuxá, um dos coordenadores da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), afirma que as candidaturas são fruto de um debate sobre “a necessidade de demonstrar força política, porque ainda somos poucos em cargos estratégicos e a política municipal é um pilar para ir buscando cada vez mais representatividade, ocupar esse espaço político como mais um espaço de luta”.

O militante da causa indígena e membro da etnia Tuxá, que vive principalmente na Bahia, explica ainda que há uma diversidade de visões políticas entre os candidatos, mas uma pauta comum, que é a retomada das demarcações de reservas. “Essa é uma pauta fundamental para os povos indígenas e queremos exercer nosso papel no local legítimo”, diz Dinamam Tuxá.

A campanha de 2020 será uma das dificuldades dos povos indígenas para ver seus candidatos eleitos. Por causa da pandemia de coronavírus, os eventos físicos ficaram restritos e a campanha será em grande parte digital.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e e Estatística (IBGE), 46 milhões de brasileiros não têm acesso à internet. É um a cada quatro habitantes do país, a maioria vivendo longe dos centros urbanos, como os indígenas.

O advogado da Apib reconhece o entrave e diz que a divulgação precisará se desdobrar para evitar a propagação do vírus e ainda assim circular de forma eficiente. “Nunca tivemos acesso à internet de forma plena e consistente, e estamos nos resguardando por causa da pandemia. Mas vamos utilizar os instrumentos que temos e buscar formas seguras de fazer campanha, com distanciamento”, explica.

Segundo a própria Apib, o coronavírus até agora infectou 33.935 indígenas de 158 etnias e matou 833 deles. Os números são dessa terça-feira (29/9).

Incentivadora das candidaturas indígenas, a Apib foi recentemente chamada de “lesa pátria” pelo ministro general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), depois de participar de uma campanha de denúncia do descaso do governo Bolsonaro que foi replicada pelo ator Leonardo DiCaprio.

Indígenas na política

No campo da diversidade de gênero, as candidaturas indígenas ainda são muito desiguais. As mulheres candidatas são 473, apenas 21% do total. Paradoxalmente, a única indígena com cargo na Câmara Federal atualmente é mulher: trata-se de Joenia Wapichana (Rede-RR), que milita com as organizações que buscaram inflar as candidaturas de povos originários.

Outros dois declarados indígenas disputaram a última eleição para a presidência da República. Sônia Guajajara (PSol) foi companheira de chapa de Guilherme Boulos (PSol), que conseguiu 617 mil votos. O outro venceu a eleição ao lado de Jair Bolsonaro. Trata-se do vice, Hamilton Mourão, que conta ser neto de indígenas e assim se declarou ao TSE quando concorreu.

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