Candidatos gastaram R$ 200 milhões com locomoção nas eleições de 2020
Valor foi gasto em gasolina, hospedagem, passagens aéreas e agências de viagem. Candidato com maior gasto foi Nicoletti (PSL-RR)
atualizado
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Os candidatos a prefeito e vereador gastaram, em 2020, R$ 200 milhões com combustível, locação de veículos, transporte, hospedagem e passagens aéreas. Mesmo com a pandemia do novo coronavírus e as medidas de distanciamento social, os concorrentes aos pleitos municipais utilizaram alto valor do fundo público de financiamento de campanha.
Do valor total, R$ 1,9 milhão foi gasto com agências de viagem; R$ 1,1 milhão em hotéis; e R$ 326 mil com operadores turísticos.
As informações são de um levantamento do jornal Folha de S.Paulo, feito por meio da ferramenta Transparência Partidária, desenvolvida pelo Volt Data Lab. Também foram utilizadas as prestações de contas dos candidatos para chegar aos resultados.
Quem teve números mais altos foi o deputado federal Nicoletti (PSL-RR), que concorria à prefeitura de Boa Vista (RR). Ele declarou R$ 385 mil com gastos em combustíveis e lubrificantes — do total, R$ 380 mil foram pagos a um mesmo CNPJ. Todo o dinheiro veio do fundo especial de financiamento de campanhas.
À Folha, o parlamentar disse que durante 45 dias de campanha utilizou 88 veículos alugados, com uma “média de consumo de 15 litros diários”.
Ele também afirmou que o abastecimento em um único posto foi realizado porque “a rede que apresentou as melhores condições de atendimento (número de postos e localização) e preços, tendo em vista as particularidades dos gastos eleitorais.”
Em segundo lugar, está Pedro Gonçalves (MDB), que concorreu à Prefeitura de Goianésia (GO). Ele declarou R$ 319,8 mil em gastos com combustíveis e lubrificantes, mas afirma que o recurso veio de doadores de campanha e de autofinanciamento.
O advogado de Gonçalves disse que o valor “se trata de combustível de veículos alugados/cedidos por candidatos a vereadores, em um total de 60 veículos para 108 candidatos”. No entanto, nenhum candidato a vereador declarou a doação citada pelo concorrente à Prefeitura.
“O fato de termos registrado um gasto em combustíveis maior do que a média nacional se dá em razão de termos declarado exatamente tudo o que efetivamente foi gasto, sem se utilizar de nenhuma omissão ou subterfúgio”, defendeu o advogado de Pedro Gonçalves.
Lista continua
A lista também conta com o nome de Delegado Cristiomário (PSL), eleito prefeito de Planaltina (GO). Ele declarou R$ 228,2 mil em gastos com combustíveis e lubrificantes. O candidato também informou ter investido R$ 3 mil com o aluguel de um ônibus.
Ao jornal, Cristiomário afirmou que os “R$ 228 mil foram utilizados no abastecimento de dois ônibus que estiveram na realização de duas carreatas”. Ele também disse que abasteceu veículos de 190 candidatos a vereador, da sua coligação.
No entanto, a Justiça Eleitoral de Goiás determinou, na última quinta-feira (11/2), a reprovação das contas de Cristiomário e o pagamento de R$ 422,4 mil ao Tesouro Nacional. Ele é investigado por inconsistências nos registros, como o abastecimento de veículos em quantidades maiores que a capacidade dos tanques.
Além disso, a Justiça ressalta que é proibido transferir recursos do fundo eleitoral para candidatos ou partidos da mesma coligação ou não coligados.