Candidatos em cidades com mais incêndios não têm propostas contra fogo
Brasil registrou 176.317 focos de calor entre 1º de janeiro e 12 de setembro deste ano. Situação se agrava diante da forte seca
atualizado
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Em meio à alta nos incêndios florestais que se espalham pelo país, grande parte dos candidatos das 10 cidades que mais concentram focos de calor não incluem, em seus respectivos planos de governo, propostas para combater as queimadas.
As cidades mais afetadas pelas queimadas são Corumbá (MS), São Félix do Xingu (PA), Altamira (PA), Novo Progresso (PA), Apuí (AM), Lábrea (AM), Itaituba (PA), Porto Velho (RO), Colniza (MT) e Novo Aripuanã (AM).
Levantamento do Metrópoles, feito com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aponta que 19 dos 42 candidatos apresentam proposições robustas para a área de meio ambiente, e apenas oito citam queimadas.
A reportagem analisou os planos de governo apresentados pelos candidatos à Justiça Eleitoral e os agrupou nos seguintes cenários: com proposta específica para o meio ambiente; com proposta genérica (que cita o tema, mas não detalha as ações a serem adotadas); e sem proposta. Além disso, o Metrópoles verificou quais documentos mencionam a questão das queimadas.
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Nesse sentido, 19 candidatos elencam propostas para a área ambiental. Desse total, cinco trazem sugestões para combater os incêndios florestais. Outros 16 apresentam propostas genéricas — três citam queimadas. Por fim, sete não mencionam projetos para o meio ambiente nas cidades onde concorrem.
Focos de calor no Brasil
Dados do sistema de monitoramento do Inpe demonstram que, de 1º de janeiro a 12 de setembro de 2024, foram detectados 176.317 focos de calor. O número representa um aumento de 110% em comparação com o mesmo período do ano passado.
A região Amazônica concentra grande parte dos focos de calor (49%), seguida pelo Cerrado (32,5%), pela Mata Atlântica (8,8%), pelo Pantanal (6%) e pela Caatinga (2,6%).
O Pantanal, presente em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, registrou alta de 1.913% em focos de calor neste ano. A situação na região se agravou em decorrência da forte seca que abrange o país.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam que Pantanal, parte do Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia sofrem com uma onda de calor, com temperaturas de 5°C acima do normal para o período.
Fogo nas eleições
O município com maior índice de incêndios é São Félix do Xingu, com 5.651 focos neste ano. O atual prefeito e candidato a reeleição, Cléber de Souza (MDB), é investigado por divulgar informações falsas e dificultar a retirada de invasores da terra indígena Apyterewa, no sudeste do Pará.
Entre os candidatos à prefeitura de São Félix do Xingu, todos possuem propostas ligadas ao meio ambiente. Os planos incluem campanhas para conscientização a respeito da preservação ambiental ou para arborização do município, que sofre com as queimadas.
Corumbá, no Mato Grosso do Sul, conhecida como capital do Pantanal, sofreu com os incêndios florestais neste ano. A nuvem de fumaça proveniente dessa área se dissipou para municípios próximos. Segundo o Inpe, a cidade pantaneira registrou 4.713 focos de calor.
A cidade sul-mato-grossense conta com quatro candidatos à prefeitura. Apenas um deles, Luiz Antonio Pardal (PP), apresenta proposta para área ambiental que cita a situação do fogo no bioma.
O município de Altamira, situado no sul do Pará, é o terceiro com maior número de focos de incêndios florestais neste ano. Concorrem à prefeitura local seis candidatos, dos quais cinco têm planos de governo disponíveis na página do TSE. Em todos, constam propostas para o meio ambiente, mas não há menção direta às queimadas.
O primeiro turno das eleições municipais está marcado para 6 de outubro. Caso necessário, o segundo turno deve ocorrer no dia 27 do mesmo mês.