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Campos Neto diz que debate no Copom foi centrado em critérios técnicos

Campos Neto, presidente do Banco Central, ainda reforçou o compromisso em perseguir a meta de inflação de 3% neste ano

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1 de 1 imagem colorida com diretoria do Banco Central em reunião do Copom - Metrópoles - Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O presidente do Banco Central (BC)Roberto Campos Neto, comentou nesta quarta-feira (15/5) a decisão da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu a taxa básica de juros do país, a Selic, de 10,75% para 10,50% ao ano.

Houve um racha na diretoria do BC na discussão sobre o tamanho do corte. Dos oito diretores, quatro deles, todos indicados pelo atual governo do PT, votaram a favor da redução de 0,50 ponto percentual (p.p.) da Selic. Outros quatro optaram por uma queda menor, de 0,25 ponto percentual. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, resolveu o impasse. Ele aderiu à segunda turma, pelo corte de 0,25 p.p.

“O debate foi centrado em critérios técnicos e todos os argumentos foram levados em consideração”, afirmou Campos em pronunciamento após discurso na abertura da II Conferência Anual do Banco Central, em Brasília. Antes de fazer os apontamentos, ele justificou que gostaria de “esclarecer” alguns pontos.

Embora a questão política tenha tido grande peso na discussão, como observaram diversos analistas, a ata divulgada na terça-feira (14/5) traz detalhes do debate técnico entre os dois grupos sobre o tema. De acordo com o texto, ambos os núcleos de diretores concordaram que houve um aumento das incertezas no cenário econômico tanto interno quanto externo.

Os que optaram pela redução de 0,25 ponto, porém, consideraram que, embora o Copom tenha indicado na reunião de março um corte de 0,50 ponto, era fundamental diminuir esse valor. Diz a ata: “Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance (a orientação de corte de 0,50), mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas”.

Meta de inflação

Nesta quarta, Campos Neto defendeu o centro da meta de 3%, conforme definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2024. Há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%. A manutenção da inflação dentro da meta é tarefa do BC.

A queda da Selic é resultado da desaceleração da inflação no Brasil. A taxa de juros é o principal instrumento de política monetária do Banco Central. Ao ser elevada, ela tende a desaquecer a atividade econômica, o que reduz os preços no mercado. Quando os juros caem, espera-se o efeito contrário, aumentando a produção e o consumo.

“Discutimos a importância da convergência da inflação para a meta de 3%. Na verdade, em um debate de política monetária não deveria nem se falar em centro e banda. Nossa meta é 3% e temos que persegui-la”, defendeu Campos Neto.

Na terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi questionado se o Banco Central deve perseguir o centro da meta ou pode utilizar a banda (intervalo de tolerância). Ele respondeu que a banda existe “para casos excepcionais”.

Também nesta quarta, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, indicado por Lula em 2023, defendeu a convergência da inflação com a meta. “O Comitê de Política Monetária tem como função e obrigação manter a taxa de juros no patamar restritivo suficiente, pelo período necessário, para fazer a inflação convergir para a meta”, disse Galípolo em evento do jornal Valor Econômico em Nova York (EUA).

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