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Campanhas contra a fome substituem festas de aniversário na pandemia

Por conta própria ou com a ajuda de plataformas na internet, é possível mobilizar amigos e familiares para combater um problema urgente

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ilustração aniversário solidário na pandemia
1 de 1 ilustração aniversário solidário na pandemia - Foto: Yanka Romão/Metrópoles

Problema urgente para quem o vive, a fome avança de forma atroz no Brasil nestes tempos de pandemia. O drama de quem não tem o mínimo para sobreviver está mobilizando os brasileiros que podem dividir um pouco do que têm em todo tipo de campanha de solidariedade, umas tocadas por grandes organizações, outras unindo esforços na vizinhança ou entre amigos e familiares.

Como as melhores práticas para prevenir o contágio pelo coronavírus incluem evitar aglomerações, eventos como aniversários não estão podendo ser comemorados em festas e muita gente tem tido a ideia de pedir às pessoas queridas um presente para quem mais precisa neste momento difícil.

Aproveitando a visibilidade das redes sociais, internautas famosos ou nem tanto estão colocando em prática a ideia de aniversários solidários, que não é inédita, mas ganha força diante de uma dura realidade: mais da metade dos brasileiros (59,3%) não se alimentam em quantidade e qualidade ideais, desde o início da pandemia e 15%, ou 31 milhões de pessoas, estão vivendo a chamada “situação de insegurança alimentar grave”, a fome, segundo um levantamento realizado pelo Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia, sediado na Universidade Livre de Berlim, com a participação de pesquisadores brasileiros.

A tristeza diante desse cenário desolador serviu de inspiração para o cientista político e advogado brasiliense Nauê Bernardo Pinheiro de Azevedo a promover entre seus seguidores nas redes sociais um aniversário solidário.

Ele já participa de iniciativas organizadas de ajuda aos necessitados, mas pensou que fazer uma campanha mais pessoal seria uma maneira de aumentar o público interessado em ajudar.

Azevedo, que completa 32 anos no próximo dia 21 de junho, está divulgando a campanha há algumas semanas e, além de cestas básicas e de refeições que serão doadas por restaurantes que abraçaram a causa (como Rott Bar, Napoletana e Beirute, em Brasília), está usando o dinheiro que arrecadou até agora para comprar máscaras do tipo PFF2, mais eficientes do que as de pano para prevenir o contágio pela Covid-19.

Veja a postagem que Nauê Azevedo fez para divulgar sua ideia, com informações sobre como doar e como ele fará a prestação de contas.

Para quem tem medo de a iniciativa “flopar” e arrecadar poucos recursos, o advogado aconselha a não pensar em quantidade, mas no papel de cada um em tentar resolver o problema da fome.

“Se conseguir qualquer coisa, se doar qualquer pouco, ainda que seja para uma pessoa, é uma pessoa a menos com aquele problema naquele momento. Focar só no máximo acaba tirando os olhos do que importa, que é cada um fazer o que pode”, afirma ele.

O advogado também adotou uma campanha do agasalho que será realizada no próximo dia 18 de junho para receber os recursos e doações arrecadados. Veja mais informações:

Ajuda de plataformas

Há maneiras de promover um aniversário solidário direcionando as doações direto a uma entidade ou organização de sua confiança.

Essa foi a opção escolhida pelo servidor público Guilherme Souto, de Brasília. Ele completou 35 anos no último dia 8 de maio e, quando começou a pensar em uma campanha solidária, considerou fazer tudo sozinho, mas acabou achando uma entidade para fazer uma parceria.

Em tempos pré-pandêmicos, Souto costumava festejar bastante quando fazia aniversário, com almoços em família e convites para bares e festas com os amigos.

“Este ano fui refletindo quando meu aniversário estava chegando, pensando em todas as campanhas que já tenho visto na internet, esse avanço da fome como uma das consequências da pandemia. E vi que não tinha nada que eu quisesse ganhar, qualquer presente seria supérfluo, mas há gente que está precisando de verdade do básico, então veio a ideia de ajudar”, contou ele ao Metrópoles.

O servidor escolheu fazer a campanha por meio de uma plataforma da organização Gerando Falcões, que opera uma rede de ajuda a moradores de favelas em vários estados brasileiros, fornecendo cestas básicas.

“Eu sou uma pessoa que não tenho, assim, um superengajamento em redes sociais”, conta. “Mas tenho rede de amigos, tenho parentes distantes e achei que pudesse tocá-los. E deu certo, muita gente doou, fiquei muito feliz”, conta ele, que arrecadou 56 cotas de R$ 50, totalizando R$ 2.800.

“Saber que eu pude contribuir para levar essa ajuda para algumas famílias neste momento é recompensador”, conclui o servidor, que espera que o sucesso de sua iniciativa seja um estímulo para mais gente. “Pois cada ajuda faz a diferença neste momento de dificuldade para milhões de famílias.”

Plataformas de vaquinhas on-line também são opções para centralizar doações e facilitar a prestação de contas. Algumas até ajudam na publicidade da campanha.

Avanço da fome

Em abril deste ano, o Metrópoles registrou em uma série de reportagens o avanço da fome em capitais como Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro e São Paulo. A crise social que se associa ao flagelo da pandemia tem ampliado o número de pessoas que dependem de ajudas do governo e da solidariedade para continuar a viver.

O guarda-chuvas estatal de auxílio, porém, está cada vez mais apertado. A primeira rodada do auxílio emergencial do governo federal, no ano passado, alcançou 67,9 milhões de brasileiros em dificuldades. O novo auxílio, que começou a ser pago mês passado, é menor e atinge menos gente. O novo auxílio emergencial alcança 39 milhões de beneficiários, 6,5 milhões a menos que o previsto pelo próprio governo.

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Adriana vive na periferia do Rio de Janeiro e está sem emprego fixo há 4 anos
Campanha Natal Sem Fome de 2020
Campanha Natal Sem Fome de 2020
GDF fez derrubada no acampamento perto do CCBB
Ivânia Souza vive com a família em acampamento de catadores no centro de Brasília
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Moradores de acampamento perto do CCBB, em Brasília, recebem doações

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Adriana vive na periferia do Rio de Janeiro e está sem emprego fixo há 4 anos

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Campanha Natal Sem Fome de 2020

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Campanha Natal Sem Fome de 2020

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GDF fez derrubada no acampamento perto do CCBB

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Ivânia Souza vive com a família em acampamento de catadores no centro de Brasília

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Mesmo com auxílio emergencial, extrema pobreza avançou no DF

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Catadores em um acampamento improvisado, com o Congresso ao fundo

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Catadores na Estrutural, em Brasília

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Como ajudar

Além da organização Gerando Falcões, milhares de outras iniciativas, de mobilizações individuais como os aniversários solidários a grandes campanhas interestaduais, estão atuando no Brasil para cuidar de quem tem fome. Aqui você pode conhecer algumas delas em Brasília, Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro.

Para quem vive na capital federal e busca mais opções locais de redes solidárias, há ainda opções como o R.U.A.S – Rede Urbana de Ações Socioculturais, um grupo que atua na Ceilândia oferecendo atividades culturais e artísticas para jovens, e que, no contexto da pandemia, está fazendo uma campanha para arrecadar cestas para famílias de jovens atendidos e para a comunidade. Doações com Breno Lobo: (61) 99670-7095.

Outra opção é a Rede Solidariedade Barba na Rua, um projeto criado e mantido por Rogério Barba, que morou na rua por 30 anos e agora dedica sua vida a levar comida à população nessa situação nas cidades do DF. As marmitas são entregues todos os dias. Doações com o próprio Barba: (61) 98363-8161.

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