Campanha para restaurar Museu Nacional arrecadou (só) R$ 680 mil
Contando principalmente com verbas públicas, a instituição deve ser reaberta parcialmente em 2022, mas continua precisando de dinheiro
atualizado
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Quando ardeu em chamas, em 2 de setembro de 2018, o Museu Nacional do Rio de Janeiro causou grande comoção no Brasil. A perda de um acervo de 20 milhões de itens, que incluía o fóssil humano mais antigo do Brasil e a maior coleção de arqueologia egípcia do continente, foi noticiada de maneira dramática e uma campanha de doações para a restauração da instituição foi iniciada. Passados 17 meses, porém, o valor arrecadado na iniciativa – R$ 680,9 mil – é no máximo tímido em relação às necessidades do local, que até agora só teve concluídas as obras de contenção e estabilização da estrutura de mais de 200 anos que pegou fogo.
O valor, doado por pessoas físicas via transferências bancárias e pelo serviço virtual de pagamentos Paypal, corresponde a menos de R$ 10 mil por semana desde que a campanha foi lançada pela Associação Amigos do Museu Nacional.
Como mostra o gráfico abaixo, o mês de maior arrecadação foi setembro de 2019, quando a tragédia completou um ano e muitas notícias lembrando a data foram veiculadas. Nesse mês, as doações bateram em quase R$ 160 mil. No mês passado, porém, o valor não chegou à metade disso e, até o meio de janeiro, não havia chegado em R$ 10 mil.
Em obras
O montante necessário para o restauro total do Museu Nacional ainda não foi calculado. De acordo com o diretor da instituição, Alexandre Kellner, o projeto de restauro ainda está sendo feito, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). “Estamos finalizando o projeto executivo da restauração da fachada e dos telhados. Nosso plano é devolver parte do Museu Nacional para a sociedade brasileira até 2022”, prometeu ele em entrevista à Rádio Nacional.
Para tornar esse plano realidade, porém, a instituição vai depender principalmente de verbas públicas e de doações de grandes empresas. A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), por exemplo, destinou R$ 20 milhões para a obra das fachadas e telhado.
Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se comprometeu a investir R$ 21,7 milhões “para apoio à restauração e requalificação” do Museu e a Vale, uma das maiores empresas do país, informou que vai doar R$ 50 milhões por meio de sua fundação.
Veja imagens das obras de estabilização da estrutura do prédio bicentenário:
Recuperação do acervo
A etapa da recuperação do acervo continua sendo feita pelo Núcleo de Resgate do Museu Nacional (paleontólogos e arqueólogos), e deve ser finalizada ainda no primeiro semestre de 2020.
Segundo estimativas da área técnica do Museu Nacional, o incêndio afetou cerca de 75% do acervo de 20 milhões de peças da instituição. Os paleontólogos e arqueólogos ligados ao local (e à Universidade Federal do Rio de Janeiro, que o administra) projetam terminar esse trabalho ainda no primeiro semestre deste ano.
A maior parte do acervo classificado como “afetado” foi efetivamente destruído pelo fogo, mas itens importantes, como o fóssil de Luzia e meteorito Bendegó (maior peça do tipo já encontrada no Brasil, com mais de 5 mil quilos), foram poupados pelo fogo.
Veja exemplos de danos a obras de bronze do acervo do museu, que foram recuperadas dos escombros.
As peças que sobreviveram ou já foram recuperadas estão sendo expostas em outros espaços, como forma de lembrar ao público do legado do Museu Nacional e também ajudar a arrecadar os fundos que o museu precisa. Parte da coleção de meteoritos, por exemplo, está exposta no Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), do Rio de Janeiro, até o dia 28 de fevereiro deste ano.
Veja o cartaz dessa mostra especial:
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