Campanha busca emprego para mulher que pediu aborto ao STF
Rebeca Mendes fez o procedimento na Colômbia, após ter a interrupção da gravidez negada no Brasil
atualizado
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Rebeca Mendes, 30 anos, mãe de duas crianças, recusou-se a conceber o terceiro filho. Ela recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para interromper uma gravidez indesejada. Ao ter o pedido negado, a brasileira fez o procedimento na Colômbia, com apoio de entidades que defendem direitos reprodutivos femininos.
Ela se tornou símbolo da discussão sobre aborto legal no Brasil. Agora, prepara-se para enfrentar as consequências. Em fevereiro, Rebeca ficará desempregada, pois seu contrato temporário com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) terminará. “Sei que me expus, que muita gente será contra. Eu posso encontrar pessoas que não me contratem por isso”, afirma a mulher.
O Instituto de Bioética (Anis), o projeto Beta e o Think Olga iniciaram a campanha “Um emprego para Rebeca”.
“Rebeca Mendes foi a primeira mulher a pedir ao STF o direito a um aborto seguro. Em fevereiro de 2018, ela será uma mulher desempregada com dois filhos para sustentar e uma faculdade de direito por terminar – e nós sabemos que a exposição do seu caso pode gerar grande discriminação no mercado de trabalho. Se você também quer dar um dia seguinte à Rebeca, ofereça uma vaga ou compartilhe a campanha”, diz o texto de apresentação.
Quem quiser oferecer emprego para Rebeca ou ajudá-la a conseguir um, pode acessar: www.pelavidaderebeca.org.
A gravidez ocorreu num momento em que ela trocava o método contraceptivo. A estudante recorreu ao Sistema Único de Saúde (SUS) para colocar um Dispositivo Intrauterino (DIU), mas teve de enfrentar meses de espera antes de ter acesso ao método.
Enquanto aguardava na fila do SUS, engravidou. “Eu não estou sozinha. São várias as mulheres que enfrentam uma gestação indesejada”, pontuou. Um terceiro filho, avalia, colocaria em risco o sustento da família e perspectivas de uma vida melhor.