Campanha 16 Dias de Ativismo dá apoio à mulher vítima de violência
Tema da mobilização de 2018 é Pinte o Mundo de Laranja: #MeEscuteTambém, e quer o fim da cultura do silêncio
atualizado
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O mundo se engaja mais uma vez, a partir deste domingo (25/11), na campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, promovida anualmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) e cujo tema, em 2018, é Pinte o Mundo de Laranja: #MeEscuteTambém. O objetivo é alertar sobre a necessidades de ouvir e acreditar nas vítimas sobreviventes e, principalmente, colocar fim à cultura do silêncio que impede a ruptura do ciclo de atos violentos e abusivos.
No Brasil, a campanha ganhou cinco dias extras: começou no Dia Nacional da Consciência Negra (20/11) e se estende até o Dia Internacional dos Direitos Humanos (10/12).
O #MeEscuteTambém integra a proposta das Nações Unidas de expressar apoio às milhares de vítimas de assédio sexual e outros tipos de abuso. “Este lema tem como propósito honrar e amplificar as vozes das pessoas. É um chamado para ouvir e acreditar nas sobreviventes, colocar fim à cultura de silêncio e que a nossa resposta tenha como foco as sobreviventes”, destacou a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman.
É necessário deixar de questionar a credibilidade da vítima. Em vez disso, deve-se concentrar na prestação de contas do agressor
Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil
Os dados sobre violência contra a mulher no Brasil são alarmantes. Levantamento do Ligue 180, Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, divulgado pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH), revela que, no primeiro semestre de 2018, foram 994 homicídios. Desses, 27 caracterizavam-se como feminicídio (assassinato motivado pelo fato de a vítima ser do sexo feminino). Ocorreram 118 tentativas de homicídios e 547 tentativas de feminicídios.
No mesmo período, os relatos de violência chegaram a 79.661, sendo a maioria referente à violência física (37.396) e violência psicológica (26.527). Entre eles, 63.116 foram classificados como violência doméstica, o que abrange abusos físicos, sexuais, psicológicos e económicos contra a companheira ou integrante da família. Confira os índices:
Homicídios contra mulheres
Já o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgou em agosto deste ano, em seu Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que o número de homicídios praticados contra mulheres passou de 4.245 casos em 2016 para de 4.539 em 2017, representando um aumento de 6,1%. O documento mostra também um recrudescimento no número de feminicídios, que, de 2016 a 2017, foi de 929 para 1.133 em todo o país.
De modo oculto, os níveis de violência contra a mulher podem começar a ocorrer verbalmente, a partir de uma alteração no tom de voz usual para constantes picos de agressividade. De modo mais subjetivo, eles podem vir acompanhados de ciúmes, controle sobre a parceira, ironias, ofensas e humilhações. Neste caso, as agressões são classificadas como psicológica.
A mobilização global apoiada pela campanha do secretário-geral das Nações Unidas Una-se pelo Fim da Violência Contra as Mulheres é lembrada pela cor laranja. A tonalidade foi escolhida para celebrar o dia 25 de todos os meses do ano, visando aumentar a conscientização sobre a luta para pôr fim à violência contra a mulher. A data foi proclamada pela ONU como o Dia Laranja.
Las Marisposas
Os 16 Dias de Ativismo começaram em 1991, quando mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), iniciaram uma campanha com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo.
A data é uma homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabal (foto acima), que se insurgiram contra a ditadura do presidente da República Dominicana Rafael Trujillo – ele próprio teria sido rejeitado pela bela Minerva – e acabaram covardemente espancadas até a morte em 25 de novembro de 1960. Elas ficaram conhecidas como Las Mariposas.
Hoje, cerca de 150 países desenvolvem a campanha. No Brasil, ela acontece desde 2003, por meio de ações de mobilização e esclarecimento sobre o tema.
Mais de 30 atividades estão programadas durante a campanha deste ano em nove cidades brasileiras: Brasília (DF), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), João Pessoa (PB), Juazeiro (BA), Manaus (AM), Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). As ações são lideradas pelo ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), ONU Mulheres, OPAS (Organização Panamericana de Saúde), Unesco e Unops.
A programação completa pode ser conferida aqui.