metropoles.com

Caminhoneiros: governo investiga “infiltração” de 3 grupos políticos

Intervenção militar já, Fora Temer e Lula livre estariam mantendo o movimento paredista, segundo Palácio do Planalto

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
infiltrados, caminhoneiros
1 de 1 infiltrados, caminhoneiros - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O governo apura se três movimentos políticos — Intervenção militar já, Fora Temer e Lula livre — se infiltraram na paralisação dos caminhoneiros. Eles estariam alimentando os focos que ainda querem manter os bloqueios, mesmo após ter boa parte das reivindicações atendidas ou ao menos encaminhadas. Essa é uma leitura feita nas reuniões do gabinete de crise montado pelo Palácio do Planalto na semana passada.

Os caminhoneiros falam abertamente do problema. O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) — uma das últimas entidades a aceitar as propostas do governo –, José da Fonseca Lopes, afirmou nessa segunda-feira (28/5) que há um forte grupo de intervencionistas infiltrado na paralisação.

“Quem quer derrubar o governo que monte um movimento, não use a Abcam”, disse, ressaltando que as reivindicações do movimento de caminhoneiros autônomos foram atendidas. “Os caras querem dar um golpe nesse país e eu não vou fazer parte disso”, afirmou.

Ele acredita que, a partir desta terça (29), o país estará “bem encaminhado para a normalidade”. Segundo Lopes, ainda resta desmobilizar em torno de 250 mil caminhões.

“Para os que têm posição extremista, esse ou qualquer outro acordo não iria funcionar porque a intenção não é resolver problemas, mas criar o caos, a instabilidade”, disse o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Ijuí, no Rio Grande do Sul, Carlos Alberto Litti. Para o líder gaúcho, o grupo mais resistente ao acordo é movido “por um tema político e não econômico”.

Segundo líderes dos caminhoneiros informaram ao Planalto em reunião no domingo (27), os infiltrados somariam algo como 10% a 15% do movimento. A informação foi recebida com irritação pelas autoridades federais, principalmente por envolver o Fora Temer.

Mapeamento
Na segunda (28), o próprio ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu a possibilidade de haver infiltração política e informou que a Polícia Rodoviária Federal trabalha para apartá-los do movimento: “A PRF conhece as estradas onde trabalha, conhece quem é líder do movimento dos caminhoneiros e sabe das infiltrações políticas. Ela está mapeando e não quer cometer nenhuma injustiça. Com muita cautela, vai começar a separar os infiltrados.”

O governo avalia ter feito tudo o que estava a seu alcance para atender à pauta dos caminhoneiros: redução da Cide e do PIS/Cofins; promessa de congelamento por 60 dias — e depois reajustes a cada 30 dias –; liberação da cobrança de pedágio sobre eixo suspenso (quando o caminhão trafega vazio e por isso suspende o terceiro eixo) em São Paulo e a reserva de 30% das cargas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para os caminhoneiros autônomos, ao lado de outras medidas administrativas que ajudarão a manter a renda desses trabalhadores.

O Planalto deixou claro na negociação que agora a conversa deve ser com o Congresso, que precisa aprovar as medidas provisórias (MPs) assinadas por Temer, inclusive a que cria o frete mínimo, uma espécie de salário mínimo para os autônomos.

Pauta política
Mas, ao lado da pauta dos caminhoneiros, ganhou força a pauta política. E sobre essa ainda é impossível avaliar a intensidade e extensão do movimento. Os mais pessimistas não descartam o risco de, havendo crescimento dessa vertente, o protesto resvalar para algo semelhante às manifestações de 2013, quando atos que, inicialmente, tinham como questão central a reclamação contra o aumento das passagens de ônibus ganhou dimensão muito maior e cunhou a expressão “Não é pelos 20 centavos”.

Agora, a pauta adicional dos caminhoneiros fica ainda mais difusa e extensa quando outros grupos tentam pegar carona na paralisação, como os movimentos, ainda incipientes, de motoboys e transportadores escolares em algumas cidades.

Os ecos de 2013 aparecem, por exemplo, quando um pequeno grupo de manifestantes favoráveis à intervenção militar, que se reuniu no início da tarde em frente ao Ministério da Justiça, recebe buzinadas de apoio da maioria dos veículos que para no semáforo próximo ao protesto. Caminhões e vans escolares também participavam do protesto.

Os desdobramentos da crise têm sido avaliados em duas reuniões diárias do gabinete de crise. A leitura é que, provavelmente na quarta-feira (30), será possível ter uma visão mais clara sobre os focos de resistência do movimento. A prioridade do governo é manter o abastecimento e a expectativa de que nos próximos dias haja alguma normalização.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?