Câmara esvazia pauta governista à espera da reforma ministerial de Lula
Centrão, grupo capitaneado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aguarda definição de Lula para troca de ministérios na Esplanada
atualizado
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A Câmara dos Deputados impôs uma pauta fria durante a segunda semana de trabalhos desde a volta do recesso parlamentar e retirou as matérias governistas do radar do plenário. A manobra faz parte da estratégia do Centrão, que adotou uma “operação tartaruga” enquanto o governo federal não bate o martelo sobre as mudanças ministeriais para alocar novos membros dos partidos que compõem essa “bancada”.
Ao longo dos dias, apenas requerimentos e projetos considerados “frios” e que não despertam maior atenção por parte do Planalto foram votados pela Casa.
A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retome as tratativas sobre as trocas nos ministérios da Esplanada quando voltar do Rio de Janeiro, onde está para o lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3). O retorno de Lula a Brasília está previsto para esta sexta-feira (11/8).
Entre as pauta travadas na Casa Baixa está o arcabouço fiscal e o PL das fake news, ambas de grande de interesse do governo federal. As novas regras fiscais já foram aprovadas pela Câmara e pelo Senado Federal no primeiro semestre, mas precisam passar por uma nova análise dos deputados, em razão das mudanças no texto feitas pelos senadores.
Desde a aprovação da Reforma Tributária na Câmara, interlocutores próximos a Lula admitem que o presidente decidiu abrir espaço ao Centrão no governo para ampliar a base aliada e, assim, conseguir maioria com folga nas votações de matérias. No entanto, o petista ainda não divulgou quais pastas deve ceder para os novos ministros.
Para dar espaço a nomes de partidos do Centrão, grupo capitaneado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o governo avalia quais cargos deve alterar na reforma ministerial. Estão na mira do Centrão pastas como Saúde – que Lula já definiu como de sua cota pessoal, com a permanência da ministra Nísia Trindade -, Desenvolvimento Social, Esporte, Ciência e Tecnologia e Portos e Aeroportos.
Na última semana, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsável pela articulação política no Congresso, confirmou que os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) assumirão pastas no primeiro escalão do governo Lula.
Capítulo de novela
O novo capítulo da novela em torno dos ajustes no governo Lula, porém, ainda não alcançou a demora da articulação para a primeira troca política de ministros: a de Daniela Carneiro por Celso Sabino na pasta do Turismo.
Nomeada em janeiro no que seria a cota do União Brasil após indicação do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Daniela nunca representou a bancada do partido na Câmara, onde Lula precisa de mais apoio, e começou a ter a sombra de Sabino ainda no início de junho.
O novo representante do União Brasil no primeiro escalão do governo, no entanto, só foi assumir formalmente o cargo em 14 de julho, um mês e meio depois de seu nome começar a circular.
Até que isso ocorresse, foram muitas idas e vindas e negociações para que Lula não perdesse, com a demissão, uma importante aliada no Rio de Janeiro ao lado de seu marido, Waguinho (Republicanos), prefeito de Belford Roxo (RJ).