Caixões e velas: sobrinha de prefeito preso por pedofilia encomendou “trabalho” a cartomante
Polícia investiga caso. Cartomante diz que parente de prefeito em GO a procurou para fazer “trabalhos” contra promotor, delegado e outros
atualizado
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Goiânia – A Polícia Civil investiga a sobrinha do prefeito de São Simão (GO), que também é secretária municipal de saúde, por ameaça e danos morais, porque ela teria encomendado um trabalho espiritual para matar autoridades da cidade que apuram denúncias contra seu tio.
Laize Helena Peixoto é sobrinha do prefeito Francisco de Assis Peixoto (PSDB), preso por suspeita de pedofilia no dia 28/7. Os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa dela e no gabinete da Secretaria de Saúde, na última quinta-feira (5/ 8).
A investigação começou quando um jornalista da cidade procurou a delegacia no dia 2/8. No mesmo dia, a cartomante e benzedeira de São Simão foi chamada pela polícia. Ela disse que foi procurada por Laize para que fizesse um trabalho para “ceifar a vida” de autoridades.
Caixão e velas
De acordo com o delegado Márcio Henrique Marques de Souza, a benzedeira entregou materiais que a secretária de saúde teria comprado para fazer o trabalho: miniaturas de caixão, uma cabeça de vela e uma folha de caderno com os nomes das pessoas que deveriam ser atingidas.
A benzedeira não teria concordado com a “encomenda” da sobrinha do prefeito, mas teria fingido que concordava e depois procurou o jornalista da cidade para contar sobre o caso.
“Uma pessoa dessa não pode ficar na saúde, ela manda matar uma pessoa”, defende a cartomante em áudio que circula em grupos de WhatsApp de São Simão.
Crime de ameaça
O delegado Márcio esclarece que a prática religiosa não é crime, mas que o caso pode ser considerado como ameaça e dano moral.
“Tem gente que está com o nome na lista e teve diarreia, passou mal, teve crise de pressão alta. Para essas pessoas pode ser considerado grave ameaça”, explica o delegado.
Segundo Marcos Henrique, no momento das buscas, a secretária pediu desculpas e disse que procurou a cartomante em um momento de fraqueza. A polícia apreendeu uma agenda, um celular, um notebook, agendas e anotações.
Histórico
O prefeito Assis Peixoto continua preso preventivamente em uma cela do Núcleo de Custódia, do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Ele foi preso porque teria feito uma videochamada tocando nas partes íntimas com um adolescente de 15 anos.
No total, oito pessoas já procuraram as autoridades para denunciar que teriam sido vítimas de assédio sexual pelo prefeito. O caso ainda segue em investigação e o Ministério Público ainda não apresentou denúncia contra o político.
O Metrópoles entrou em contato com a defesa de Laize, que informou que a inocência dela será comprovada durante a investigação. Além disso, afirmou que está apurando possível crime de preconceito de cunho religioso por parte das autoridades. Uma nota oficial será emitida no fim do dia.
O advogado de Assis, Edemundo Dias, disse que sua defesa é apenas em relação a uma acusação contra o prefeito, que consta no processo. Ele informou que não tem conhecimento sobre a investigação relacionada à secretária de saúde.
