Caixa prevê abrir capital de subsidiárias de seguros, cartões e loterias
Privatização não está no radar, mas a abertura de capital servirá para melhorar governança, defende Pedro Guimarães, presidente do banco
atualizado
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem repetido que pretende privatizar ou abrir o capital de algumas empresas públicas ainda este ano para ajudar nas contas do governo, mas nega detalhes. Uma delas, porém, é a Caixa Seguridade, o quarto maior grupo segurador do país e uma das subsidiárias da Caixa Econômica Federal. Nos planos do governo, esse IPO, como se diz no mercado, vai abrir caminho para a abertura de capital de outras fatias do banco público, como a das loterias, até o ano que vem.
Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Pedro Guimarães, presidente da Caixa, disse que o plano é fazer a primeira abertura de capital (sem abrir mão do controle da empresa) em outubro de 2020. “Para isso, claro, precisamos de uma série de autorizações. Mas estamos confiantes”, disse ele, que evita, porém, falar em valores.
“Hoje, a Caixa Seguridade vale mais do que em março, quando não tínhamos o banco digital que o auxílio emergencial contra o coronavírus nos possibilitou abrir. Hoje, temos 120 milhões de pessoas nessa plataforma. Claro que não vão ficar todas, mas se 50 milhões permanecerem, já somos a maior big tech do Brasil”, valoriza ele, lembrando que 40 milhões de pessoas estão tendo acesso ao sistema bancário pela primeira vez por meio da iniciativa.
Essa plataforma digital, aliás, pode ser transformada também em uma subsidiária e ter o capital aberto até o ano que vem, segundo Guimarães.
“Queremos abrir também, mas antes, no fim deste ano e início do ano que vem, queremos abrir o capital do setor de cartões e das loterias, ainda não sabemos qual primeiro”, explica. “E, por fim, a gestão de ativos”, completa, enumerando cinco setores a ter o capital aberto.
O banco em si pode enfrentar esse processo de abertura de capital, caso o modelo funcione bem com as subsidiárias.
“O presidente Bolsonaro já deixou claro que a privatização da Caixa está fora de discussão, mas podemos, no futuro, considerar sim uma abertura de capital. Para isso, temos que primeiro fazer abertura das subsidiárias e ver a reação”, avalia o presidente da empresa.
Para ele, a abertura de capital, além de recursos ao governo, trará benefícios para a empresa. “A gente aqui faz tudo transparente, mas prefiro que tenhamos mais 200 mil sócios, porque ai a sua explicação tem que vir todo trimestre. Acho que é mais eficiente em termos de governança”, conclui Pedro Guimarães.