Caixa paralelo da Fetranspor pagava propina de até R$ 1 milhão
Ex-presidente José Carlos Lavouras disse ao juiz Marcelo Bretas que as empresas de ônibus davam o dinheiro a agentes públicos
atualizado
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Rio de Janeiro – Colaborador do Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) José Carlos Lavouras, em depoimento ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, confirmou os pagamentos de propina ao perito judicial Charles Fonseca William, nesta quinta-feira (13/5).
As declarações foram por videoconferência. O caixa paralelo para o pagamento de propinas era mantido pelas empresas de ônibus desde a década de 90.
Willian é acusado de fraudar laudos para favorecer empresas de ônibus, superfaturando valores apurados em suas perícias no Tribunal de Justiça. De acordo com as investigações da Lava Jato do Rio, ele recebeu ao menos R$ 4,9 milhões, entre os anos de 2012 a 2015.
Lavouras confirmou que os empresários eram ameaçados, caso não pagassem as propinas, para garantir os interesses do setor de transportes. “É a pura verdade. Desde a década de 90, as empresas mantinham um caixa paralelo para pagar propinas que variavam de R$ 120 mil a R$ 1 milhão”, declarou.
No ano passado, o ex-governador Sérgio Cabral condenado a mais de 321 anos, recebeu pena de mais de 19 anos de prisão acusado de ter recebido mais de R$ 144 milhões do esquema, entre os anos de 2010 a 2016.
Lavouras está em Portugal
Ex-presidente da Fetranspor José Carlos Lavouras teve a delação premiada homologada em janeiro pelo ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele ficou à frente da entidade durante 28 anos.
O advogado Ary Bergher, que representa o desembargador José Carlos Maldonado de Carvalho, entrou com notícia-crime na Procuradoria-Geral da República (PGR) para que seja apurado o vazamento da delação do empresário de ônibus José Carlos Lavoura, publicada com exclusividade pelo jornalista Cláudio Magnavita, do Correio da Manhã.
Lavouras, que tem dupla cidadania, vive em Portugal desde julho de 2017. O juiz Marcelo Bretas decretou a prisão preventiva dele por comandar esquema de corrupção na Fetranspor.