“Caiu a máscara de Bolsonaro”, diz deputado aliado de caminhoneiros
Lideranças da categoria articulam nova pressão sobre o governo e avaliam que reivindicações estão sem resposta desde greve de 2018
atualizado
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As respostas do governo de Jair Bolsonaro (PL) às reivindicações históricas dos caminhoneiros não atenderam as expectativas da categoria, avalia o deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), coordenador da Frente Parlamentar ao apoio aos transportadores.
“Caiu a máscara do governo Bolsonaro e do [ex] ministro Tarcísio, que enrolaram com a pauta dos caminhoneiros durante três anos”, afirmou, em entrevista ao Metrópoles, o parlamentar. “O presidente utilizou os caminhoneiros para se eleger, mas as ações da AGU [Advocacia Geral da União] contra a greve promovida em novembro do ano passado mostraram de vez que ele abandonou seus compromissos”, completou ele, que ajuda sindicatos e associações do país todo a promover encontros bimestrais para combinar táticas de mobilização.
No próximo, marcado para o dia 11 de junho, em São Paulo, uma das pautas é o planejamento de táticas para eleger uma bancada caminhoneira nestas eleições, já que a categoria não se sente bem representada.
“As principais lideranças se uniram sabendo que não podemos esperar mais nada do governo Bolsonaro, que empurrou com a barriga as soluções que a categoria precisa”, afirma Crispim. “Nesse próximo encontro, vamos reunir os pré-candidatos que já se apresentaram em mais de 20 estados e vamos trabalhar estratégias para eleger esses representantes e levar as pautas diretamente para as assembleias legislativas e para a Câmara Federal”, completa ele.
Nos grupos de caminhoneiros em aplicativos de mensagem, a estratégia já está sendo aplicada e listas com essas pré-candidaturas circulam fortemente.
“Bucha de canhão contra a democracia”
Os encontros bimestrais são organizados por entidades como Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e foram motivados, segundo Crispim, pela convocação, por Bolsonaro, de caminhoneiros para a mobilização de 7 de Setembro do ano passado, contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
“O presidente e seus aliados tentaram utilizar caminhoneiros como bucha de canhão para atentar contra a democracia, mas a pauta da categoria é apartidária, e vamos seguir lutando por ela”, diz o deputado federal.
As pautas
De acordo com Crispim, a pauta da grande greve dos caminhoneiros de 2018 segue em aberto, e a situação atual é pior do que na época em que a categoria parou o país para pressionar o governo de Michel Temer, movimento que completa quatro anos neste sábado (21/5).
Os caminhoneiros exigem piso mínimo para o frete; aposentadoria especial após 25 anos de trabalho; mudança na política de preço da Petrobras e unificação dos documentos fiscais.
Aproveitando a proximidade das eleições, os caminhoneiros deverão fazer uma pressão final para tentar respostas ainda no atual governo. Pessoalmente contra uma nova greve, avaliando que ela prejudicaria principalmente os brasileiros mais pobres, Crispim diz que as lideranças não descartam a possibilidade e que a categoria não perdeu sua capacidade de mobilização. “Tanto que a AGU ajuizou ações pelo país todo na última mobilização, com pesadas multas, mas ainda assim tivemos paralisações no Porto de Santos, em Mato Grosso e em Rondônia”.
Ação e reação
Os caminhoneiros intensificaram as críticas ao governo desde o início de maio, quando a Petrobras comunicou um reajuste de 8,86% no valor do diesel vendido às refinarias, de R$ 4,51 para R$ 4,91 por litro.
Como resposta, o governo federal publicou, no último dia 17, a Medida Provisória (MP) nº 1.117, que permite atualização das tabelas de frete pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sempre que houver variação de 5% no valor do diesel.
Para as lideranças, porém, a medida está longe de atender às principais reivindicações da categoria.
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