Caiado critica “burocracia” da Anvisa e defende liberação da Sputnik V
“Não tem sentido dizer que ainda não chegou a uma conclusão de análise”, diz o governador de Goiás. Anvisa aguarda relatório técnico
atualizado
Compartilhar notícia
Goiânia – O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), defendeu nesta quinta-feira (8/4) a liberação de uso no Brasil da Sputnik V, vacina russa contra a Covid-19 que estaria, segundo ele, com oferta de doses no mercado, mas que ainda aguarda a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Diante do quadro marcado pela dificuldade de aquisição de insumos, de produção em larga escala das que já são autorizadas no Brasil (CoronaVac e Oxford/AstraZeneca) e ameaça de paralisação da vacinação em pleno pico da pandemia, o governador pede celeridade no processo de liberação do imunizante russo.
“Não tem sentido dizer que a Anvisa ainda não chegou a uma conclusão de análise, sendo que ela (Sputnik V) está sendo aplicada em 58 países. Ora, será possível que as agências sanitárias dos 58 países não têm credibilidade em um momento emergencial como o que estamos passando?”, questiona Caiado.
A mesma defesa foi feita por ele durante reunião de governadores com representantes da Anvisa nesta semana. Alguns estados já fecharam contratos de compra da vacina russa e aguardam a liberação da agência para que a importação das doses seja efetivada.
“Não estamos aqui defendendo vacina A ou B. Estamos defendendo onde tem oferta de vacina para a gente adquirir imediatamente. O governo brasileiro comprou doses da Pfizer, mas eles só propõem entregar no segundo semestre. Comprou mais milhões de doses da Janssen, mas também só no segundo semestre. Se a Sputnik pode entregar agora, então vamos comprar a Sputnik”, alegou.
Encomenda
Estados e Ministério da Saúde já fizeram a encomenda de 47 milhões de doses do imunizante russo. Cerca de 11 milhões delas já estariam disponíveis para entrega, segundo Caiado. O processo de liberação do uso, no entanto, ainda tem fases a percorrer na Anvisa.
Existem dois processos em trâmite na Agência: um de importação excepcional, feito por governadores, e outro de uso emergencial, feito pela União Química, que é a farmacêutica que representa a Sputnik V no Brasil. O que está travando seria a exigência de um relatório técnico emitido no exterior.
“A burocracia, com todo respeito que eu tenho pela Anvisa, mas temos que entender que existem situações emergenciais”, pontuou Caiado. Ele frisou, ao fim, que não se pode ficar esperando apenas pelo envio de insumos para a produção de vacinas por parte dos chineses, com risco de atrasos, sem buscar por outras alternativas.
Medo
O momento preocupa o governador, que é médico, pelo avanço de novas variantes do coronavírus pelo país. “Querendo ou não, já temos hoje no Brasil uma situação que nos penaliza enormemente”, disse, lembrando da complexidade das novas cepas, que possuem maior potencial de transmissão e de carga viral.
Além das variante P.1., conhecida como a variante de Manaus, e da versão inglesa (B1.1.7), o Brasil descobriu nessa quarta-feira (7/8) a circulação de uma nova cepa em Belo Horizonte (MG). Ela é composta por uma combinação de 18 mutações que nunca foram encontradas juntas.
“Quanto mais rápido andarmos com a vacinação, menos vamos expor a população brasileira ao desenvolvimento de variantes. Enquanto não tivermos capacidade de poder vacinar, vamos estar dando chance para o vírus. E o vírus caminha em duas vertentes: no seu potencial de transmissibilidade ou no aumento da carga viral. Se estamos dando margem para que isso ocorra no Brasil, estaremos em situação de altíssimo risco”, afirma Caiado.
Goiás recebeu mais 136.350 doses de vacina
O governador recepcionou nesta quinta-feira a chegada de mais doses da vacina contra a Covid-19, em Goiás. Ao todo, 136.350 doses foram enviadas ao estado em novo lote que dará continuidade à vacinação de profissionais da saúde, idosos e agentes de segurança pública.
Dessas, 76.750 são da vacina Oxford/AstraZeneca e 59,6 mil da Coronavac. É a primeira vez que a quantidade da AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é maior que as da vacina produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo.
Nessa quarta-feira, o laboratório paulista anunciou a paralisação temporária da produção da vacina por causa da falta de insumos. O chamado insumo farmacêutico ativo (IFA), necessário para a fabricação da vacina, deve chegar ao Brasil nos próximo dias, mas ainda sem previsão exata.
As doses que chegaram em Goiás nesta manhã passarão por controle de contagem e distribuição, e serão enviadas às macrorregiões do Estado ainda nesta quinta-feira, segundo o secretário de estado da Saúde, Ismael Alexandrino. A maioria delas serão utilizadas para a aplicação da segunda dose.
O governador Ronaldo Caiado informou nas redes sociais que 49 mil serão usadas como primeira dose:
Recebemos hoje mais 136.350 novas doses de vacinas contra a Covid-19, sendo 76.750 AstraZeneca e 59.600 CoronaVac. Dessa nova remessa, 49 mil serão destinadas à aplicação da 1ª dose. Aos poucos, estamos ampliando o número de imunizados em nosso Estado. pic.twitter.com/yjqcsUXJlo
— Ronaldo Caiado (@ronaldocaiado) April 8, 2021