“Cagalança geral”: delegado surpreende em despacho para soltar preso
No documento, Aldo Lopes de Araújo mostra indignação por prisão de morador de rua que defecou em prédio público
atualizado
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Inusitado, original e bastante coerente. Um despacho do delegado da Polícia Civil de Natal (RN) Aldo Lopes de Araújo tem tido bastante repercussão nas redes sociais. Tudo por ter sido claro, sem meias palavras. Ele colocou os pontos em todos os is, ao se referir à “cagalança geral” dos poderes públicos.
O documento serviu para liberar um morador de rua que foi preso pela Guarda Municipal depois de ter sido flagrado defecando em uma repartição pública, no último domingo (5/8).
O delegado fez seu relato indignado e teve a sensibilidade de não revelar o nome do morador de rua. “Trata-se de um brasileiro em típico estado de necessidade”, escreveu Araújo no documento oficial. “Ele não tem casa nem privada onde possa ‘arriar o barro’ […]. E foi trazido a esta delegacia pelo simples fato de ter cagado nos intramuros da repartição pública”.
Confira a íntegra do despacho:
Ao jornal Tribuna do Norte, o delegado explicou: “Ele não havia levado nada. Entrou lá só para fazer as necessidades e pronto. E só entrou porque, como em vários prédios públicos, os vigias não vigiam nada”.
“Trata a presente ocorrência de uma cagalança geral: do prefeito ao secretário, passando pelo diretor do órgão, pelo vigilante de faz-de-conta, pelos membros da Guarda Municipal”.
O documento foi compartilhado no Twitter pelo perfil @henryalfred_, com a legenda: “O cara foi preso por cagar no muro de uma repartição pública. O despacho do delegado:”. Até a tarde desta quarta-feira (8), a publicação já havia recebido mais de 2,4 mil retuítes e cerca de 5,4 mil curtidas.
O cara foi preso por cagar no muro de uma repartição pública. O despacho do delegado: pic.twitter.com/DSAj51JnIr
— Henry Alfred (@henryalfred_) August 8, 2018
A atitude do delegado não agradou o Comando Geral da Guarda Municipal de Natal, que chegou a emitir nota contestando a argumentação e justificando a prisão do morador de rua com a suspeita de furto de dois refletores da escola.
Confira a íntegra da nota: