Café de açaí e uso do babaçu: startups inovam ao reduzir desperdício
Startup Summit, realizado em Florianópolis, reuniu iniciativas de diversos segmentos, permitindo a troca de experiências no setor
atualizado
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Florianópolis — Startups brasileiras têm atraído atenção de investidores com soluções de impacto positivo para o meio ambiente. Iniciativas do tipo usam o caroço do açaí para fazer café ou mesmo fazem uso integral do fruto do babaçu a fim de evitar desperdícios.
As startups, de forma geral, costumam nascer de ideias inovadoras e que atraem a atenção de investidores pelo potencial de crescimento e reprodutibilidade. Observatório do Sebrae já mapeou no país mais de 13 mil startups espalhadas pelo país.
O Startup Summit 2024, realizado nesta semana em Florianópolis (SC), reuniu diversos negócios e permitiu trocas de experiência e a conexão deles com investidores. Uma dessas empresas é a Engenho, que se dedica à transformação do caroço do açaí em uma bebida aromática, uma espécie de “café de açaí”.
A empresa nasceu durante a pandemia em Macapá, no Amapá, quando o casal Lázaro e Valda Gonçalves (imagem em destaque) constatou o descarte inadequado do resíduo em muitas cidades da região Norte do país.
Quatro anos após o lançamento, a fabricação do produto chega a 12 toneladas ao mês. “Seria um problema ambiental e virou um produto super mercadológico”, descreve a CEO da Engenho, Valda Gonçalves. “Hoje a gente tem um público muito grande, que quer consumir o café de açaí devido a ele não ter a cafeína e ser benéfico para a saúde”.
Outra startup também focada no aproveitamento de resíduos da planta é o Carvão Açaí, que utiliza o caroço para produção de carvão vegetal utilizado em churrasqueiras. “A gente resolve um problema ambiental e transforma em produto”, relata Alex Pascoal, que divide a gestão da empresa com o pai.
“A nossa missão é transformar toda a produção de carvão vegetal que contribui para o desmatamento e emissão de gases poluentes em uma produção totalmente ecológica e sustentável”, descreve.
O produto já está no mercado e alcança produção de 7 toneladas mensais, que são distribuídas no estado do Amapá, além de ser exportado para a Guiana Francesa.
Uso integral do babaçu
Conhecer e se comover com a situação das quebradeiras de coco babaçu foi o suficiente para que Márcia Werle, atual CEO da Apoena, buscasse uma solução tecnológica para uso integral do fruto e que permitisse uma remuneração justa às comunidades extrativistas.
“Começou minha jornada com o coco babaçu de desenvolver uma máquina que beneficiasse o coco e quebrasse ele de forma integral e pudesse ser aproveitado”, descreve. “Eu vi que só a máquina não seria a solução, daí nasceu a Apoena.”
A startup partiu da constatação de que grande parte do babaçu é subaproveitada no processo manual e parte da premissa de aproveitar o que antes seria descartado. “Todos os produtos dele são muito nobres, são ativos interessantes que a hoje a indústria busca”, frisa a CEO.
Com o aproveitamento integral do fruto do babaçu, o processo tem capacidade de extrair produtos que podem ter como destino final filtros, cosméticos e alimentos tanto para humanos quanto para animais.
Startup Summit 2024
Entre os dias 14 e 16 de agosto, Florianópolis recebeu o Startup Summit, considerado o principal evento brasileiro do ecossistema de startups. O evento é uma realização do Sebrae e da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate).
O repórter viajou a convite do Sebrae ao Startup Summit 2024